Homenagem ao dia Internacional da Mulher

9 de março de 2016 - 12:38

Nós, equipe do LEPA, desejamos um feliz dia da Mulher a todas. Diante desta data, queremos relembrar de algumas mulheres que fizeram, e ainda fazem, parte da história da Astronomia.

Seus trabalhos tiveram grande contribuição para a Astronomia em diversos aspectos. Contudo muitas, por serem mulheres, não tiveram o reconhecimento devido na época.

Confira abaixo um pouco da história de algumas dessas mulheres.

Hipátia de Alexandria

 

Hipátia (também conhecida como Hipácia) nasceu por volta de 355 d.C em Alexandria, cidade que era capital e considerada um grande caldeirão cultural do Egito. Ela era filha de Theon, famoso filósofo, astrônomo e mestre de matemática no Museu da cidade. O próprio pai a incentivou a estudar e aprimorar seus conhecimentos em Matemática e Filosofia. Theon acreditava no ideal grego da “mente sã em um corpo sadio” estimulando a filha a exercitar tanto a mente como o corpo. Algumas lendas da época chegam a dizer que ele desejava tornar a filha um “ser perfeito”. A menina cursou a Academia de Alexandria e, com o tempo e o domínio das mais diversas áreas, superou até mesmo as expectativas paternas.

A jovem foi para Atenas completar seus estudos e logo ficou conhecida como “A Filósofa”. Tornou-se discípula na Escola de Plutarco e professava ensinamentos Neoplatônicos, chegando a atrair viajantes curiosos em aprender seus conhecimentos. Esta corrente filosófica vinha dos ensinamentos de Platão, e dentre seus pensamentos, seus adeptos rejeitavam o conceito do mal, e acreditavam apenas em níveis de imperfeição e na carência da prática do bem. Diferente dos ensinamentos cristãos, não era necessário ultrapassar as fronteiras da morte e caminhar para estágios de uma vida na espiritualidade, a fim de se conquistar uma alma perfeita e feliz. Estas virtudes podiam ser obtidas através do exercício constante da meditação filosófica.

Ao retornar para a sua cidade natal, foi convidada para assumir uma cadeira na Academia de Alexandria como professora e por volta dos 30 anos tornou-se diretora do local. Seus conhecimentos abrangiam Filosofia, Matemática, Astronomia, Religião, poesia e artes. Era também versada em oratória e retórica. Hipátia produziu diversas obras, escrevendo livros e tratados sobre álgebra e aritmética. Seu interesse por mecânica e tecnologia a levaram a desenvolver instrumentos utilizados na Física e na Astronomia, como o astrolábio plano (instrumento que mil anos depois os portugueses utilizariam para realizar as grandes navegações), o planisfério e o hidrômetro.

Considerada a última intelectual de destaque de Alexandria, Hipátia é atualmente considerada a primeira matemática da História, e sua contribuição para a Física, a Filosofia, Astronomia e outras ciências é motivo de respeito, admiração e curiosidade até hoje.

Annie Jump Cannon

 

Oh, Be A Fine Girl–Kiss Me! Esta frase tem ajudado várias gerações de astrônomos para aprender as classificações espectrais de estrelas. Ironicamente, este dispositivo mnemônico, usado ainda hoje, se refere a um esquema desenvolvido por uma mulher.

Annie Jump Cannon era a mais velha das três filhas de Wilson Cannon. A mãe de Annie ensinou-lhe as constelações e estimulou seu interesse em astronomia. No Wellesley, Annie estudou física e astronomia e aprendeu a fazer medições espectroscópicas. Em sua graduação em 1884, ela voltou para Delaware por uma década, mas tornou-se impaciente para voltar para a astronomia. Após a morte de sua mãe em 1894, Cannon trabalhava em Wellesley como uma professora de física júnior e tornou-se uma “aluna especial” de astronomia na Radcliffe.

Em 1896, ela se tornou um membro do grupo que os historiadores da ciência têm apelidado de “Mulheres de Peckering”, mulheres contratadas pelo diretor de Harvard College Observatory Edward Pickering, para reduzir os dados e realizar cálculos astronômicos. A abordagem de Pickering para a ciência estava completamente Baconian: “o primeiro passo é acumular os fatos”.

Coube a Annie Jump Cannon obter espectros ópticos de tantas estrelas, começando com um exame de estrelas do hemisfério sul brilhante. A estes ela aplicou ainda um terceiro esquema, derivado de Fleming e Maury, uma divisão “arbitrária” de estrelas para as classes espectrais O, B, A, F, G, K, M, e assim por diante. Foi como “teoria-laden” como a encomenda de Maury, mas muito simplificada. Seu “olho” para espectros estelares foi fenomenal, e seus catálogos Draper (que em última análise listados cerca de 400.000 estrelas) foram avaliadas como o trabalho de um único observador.

Cannon também publicou catálogos de estrelas variáveis ,(incluindo 300 descobriu). Sua carreira durou mais de quarenta anos, durante os quais as mulheres na ciência ganharam aceitação relutante. Ela recebeu muitos “primeiros” (primeiro a receber um doutorado honorário de Oxford, primeira mulher eleita um oficial da American Astronomical Society, etc.). Em Harvard, ela foi nomeada curadora de fotografias astronômicas, mas foi só em 1938, dois anos antes de sua aposentadoria, que obteve uma nomeação de Harvard regular como William C. A obrigação Astrônomo.

Henrietta Swan Leavitt

 

Henrietta Swan Leavitt, a astrônoma americana, é conhecida por seu trabalho sobre estrelas variáveis. Ela é a filha de George Roswell Leavitt, Congregacional ministro, e Swan Henrietta Leavitt Kendrick.

Ela estudou astronomia na Radcliffe College. Depois de se formar em 1892, permanece mais um ano como estudante de pós-graduação. Após este período de estudo intensivo, ela viaja e consegue um emprego como assistente na Harvard College Observatory.

Em 1902, depois de obter uma posição permanente, ela foi promovida a chefe de fotometria. Durante os anos 1880-1890, Edward Pickering, diretor do observatório, iniciou um programa abrangente que visa determinar a magnitude visual. Leavitt participou do programa.

Em 1907, Pickering lançou um projeto para estabelecer uma seqüência padrão fotográfico de estrelas perto do pólo celestial norte. Leavitt está envolvida na análise das estrelas de magnitude 4 a 21, fotografou cerca de 300 placas de 13 telescópios diferentes.

Ela estudou as placas obtidas no Observatório de Arequipa, no Peru. Deste observatório, de propriedade de Harvard, pode-se observar as Nuvens de Magalhães, galáxias associadas com a nossa.

Em 1908, após um estudo de 16 estrelas variáveis Cefeidas do tipo, Leavitt descobriu 1.777 variáveis nas Nuvens de Magalhães, determina o seu período.

Em 1912, ela estende sua análise para 25 estrelas.

Ela estabelece uma representação gráfica de dados e acha que a magnitude aparente diminui linearmente com o logaritmo do período.

Leaviit percebe que sua descoberta pode ser um indicador valioso da luminosidade intrínseca e, portanto, fornecer uma determinação precisa de distâncias.

Seus resultados foram utilizados por Edwin Hubble para calcular as distâncias das galáxias(à época chamadas de “nebulosas”). Com isso, Hubble pôde mostrar que algumas destas “nebulosas” são na verdade outras galáxias, pondo fim a um longo debate sobre a natureza destes objetos e sobre as dimensões do Universo. O conhecimento das distâncias destes objetos permitiu ainda que Hubble concluísse que o Universo está em expansão, o que demonstra a importância dos trabalhos de Henrietta Leavitt.

Cecilia Payne-Gaposchkin

 

Parece até brincadeira, mas no tempo de Cecilia Payne (10 de maio de 1900 – 7 de dezembro de 1979) as pessoas achavam que o Sol tinha a mesma composição da Terra. Imagine isso. Payne publicou sua tese “Atmosferas estelares, uma contribuição para o estudo da observação da temperatura alta nas camadas revertidas de estrelas” (Stellar Atmospheres, A Contribution to the Observational Study of High Temperature in the Reversing Layers of Stars) com apenas 25 anos e foi a primeira pessoa a ter doutoramento na área da astronomia. Seu trabalho foi classificado como uma escrita brilhante e muito louvada. Ela permaneceu esquecida até o remake de Cosmos que foi ao ar em 2014. Payne e outras mulheres e homens da ciência até então esquecidos vieram a luz novamente, mostrando que o trabalho dos cientistas atuais são apenas um grão de areia comparado ao científico passado glorioso.

Cecília Payne era inglesa e filha de intelectuais. Antes de se tornar uma brilhante taxonômica de estrelas, ela estudou botânica, química e física. Foi aluna de Rutherford e se encantou com a astronomia após ver uma palestra de Sir Arthur Eddington sobre relatividade. Muito determinada, foi para Harvard e deu de cara com o típico machismo da época: o ambiente era dominado pelos homens, ela era proibida de chegar perto dos aparelhos eletrônicos e seu salário fazia parte das despesas com máquinas. Para piorar, ao tentar terminar sua tese de doutoramento, foi barrada pelo diretor do Departamento de Física da Universidade, que não aceitou uma mulher. Além disso, Harvard não tinha diploma de astronomia e Payne ficou durante um tempo nas mãos de Lyman, o diretor do departamento. Um tempo depois ele decidiu ceder e recomendá-la para a secretaria de Harvard. Assim, o Departamento de Astronomia foi criado e Payne foi a primeira pessoa a se doutorar em astronomia em Harvard.

O doutorado de Payne se concentrou na problemática da temperatura das estrelas, um assunto que ainda não tinha sido de fato entendido pela astrofísica. Ela se apoiou na física quântica e na estrutura do átomo para explicar as linhas espectrais das estrelas além de afirmar que elas eram compostas de aproximadamente 90% de hidrogênio. Essa ideia estremeceu a comunidade científica da época, que se recusava em dar crédito a uma moça de 25 anos. Henry Norris Russel havia defendido que era o ferro o elemento mais abundante, cerca de 66%. Para ele, era claramente impossível não haver hidrogênio no Sol. Foi apenas em 1929, 4 anos depois e 71 páginas de doutoramento depois, que Russel admitiu estar enganado e deu crédito a Payne.

Duilia De Mello

 

Duilia de Mello é um dos nomes mais conhecidos da ciência brasileira no Exterior. Graduada em Astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1985, Mestre pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1988, doutora pela USP, em 1995, é professora de Física e Astronomia na Universidade Católica de Washington. Autora do livro Vivendo com as Estrelas, publicado pela Editora Panda Books, e de mais de 100 artigos científicos, Duilia também é pesquisadora associada do Goddard Space Flight Center, da NASA. Entre suas principais descobertas estão a Supernova 1997D e as Bolhas Azuis. Ela foi escolhida como uma das 10 mulheres que mudam o Brasil pelo Barnard College/Columbia University em 2013 e recebeu o Prêmio Profissional do ano de 2013 da Diáspora Brasil-Ministério de Relações Exteriores e Ministério da Indústria e Comércio/ABDI. Foi escolhida pela Revista Época como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil em 2014.

Referências:

ASTRONOMER, Thewoman. Hypatia of Alexandria: A Woman Before Her Time.Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

ASTRONOMER, Thewoman. Henrietta Swan Leavitt – Lady of Luminosity. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

ASTRONOMER, Thewoman. Annie Jump Cannon: Celestial Computer. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

ASTRONOMER, Thewoman. Women Astronomers. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

WIKIPÉDIA. Duília de Mello. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

WIKIPÉDIA. Cecilia Payne-Gaposchkin. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

WIKIPÉDIA. Annie Jump Cannon. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

WIKIPÉDIA. Henrietta Swan Leavitt. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.

WIKIPÉDIA. Hipátia. Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2016.