Semana Nacional do Livro e da Biblioteca / Semana Universitária

29 de novembro de 2011 - 17:11

 
 
SEMANA NACIONAL DO LIVRO E DA BIBLIOTECA  – SNLB (23 – 29 DE OUTUBRO)
SEMANA UNIVERSITÁRIA (21 – 25 DE NOVEMBRO)
 
 
Os eventos que levaram a biblioteca a mudar seu cotidiano nos meses de outubro e novembro oferecendo palestras, exposição, campanhas, distribuição de folder’s e marcadores de livros só nos reafirma o desinteresse dos alunos da UECE na participação efetiva das atividades trabalhadas e oferecidas com tanto carinho pelos bibliotecários desta unidade. O tema por si só, já causa curiosidade entre os amantes do livro e da leitura “Cuide do livro para preservar o passado, o presente e o futuro do conhecimento”. Mesmo assim a freqüência foi mínima!
 
Primeiramente (dia 25/10) apresentamos no Setor de Empréstimo uma solenidade de recebimento dos livros da Editora Mossoroense que contou com aproximadamente 20 pessoas somados com a presença de autoridades, professores, bibliotecários e funcionários da biblioteca e poucos aluno da universidade. 
 
A campanha “Adote um livro da sua biblioteca” e a exposição “Livros maltratados pelos usuários” perduraram até o dia 25 de novembro para visitação.   
 
Três foi o número de palestras dentro da Biblioteca Central na Semana Universitária que teve como tema geral: “Etapas da fase de vida de um livro”. 
 
 
 
“Como nascem os livros!” foi o subtema da palestra do escritor Hortêncio Pessoa (deficiente visual) que deixou na biblioteca 15 exemplares do livro de poesias “Alma Nua”, seu último lançamento, para ser vendido no valor de R$ 15,00.  
 
Hortêncio Pessoa é ator profissional, trovador, autor de peças teatrais, poesias, paródias, crônicas e prosas. Afirma que, inicialmente, a grande inspiração para a elaboração dos primeiros textos foi sua própria vida (infância, juventude, as profissões exercidas e as dificuldades enfrentadas no processo de perda da visão e a própria vivência sem a falta total da mesma).
 
Além disso, outra fonte de inspiração para criação de suas obras é o próprio cotidiano, ou seja, histórias contadas por outras pessoas inseridas nos ambientes que freqüenta, sobretudo, nos coletivos. Hortêncio encerrou a palestra afirmando que todos têm um escritor dentro de si, mas que falta ser despertado, isto é, todos nós possuímos a capacidade de criar.
 
“Por que os livros devem ser preservados?” teve como instrutor o bibliotecário, Francisco Welton Silva Rios que argumentou em sua fala a importância de se preservar o material bibliográfico de um centro de documentação (biblioteca). 
 
Após criação, o livro passa a conviver diretamente com o homem em qualquer condição que se apresente. Este, por sua vez, deverá valorizá-lo, cuidar do livro, sentir o quanto ele é importante na sua vida, conservá-lo como se fosse um filho, protegendo-o e cuidando dele.  
 
Em slides Welton apresentou as 15 regras de como se deve contribuir para a conservação do material informacional.
 
Por último, “Por que os livros envelhecem?” sugere a presença de um profissional que vivencia diariamente com o antigo – aquele que apesar de velho, nos mostra suas experiências através de registros e experiências. Assim, foi convidada para proferir a palestra, a responsável pelo Setor de Obras Raras da Biblioteca Pública Gov. Menezes Pimentel e Academia Cearense de Letras, Madalena Maria Monteiro, bibliotecária e bibliófila, grande conhecedora do assunto LIVRO RARO.   
 
 
 
 
 
 
 
Madalena falou das primeiras manifestações da escrita nas paredes das cavernas, abrigo do homem primitivo Ex: Gruta de Lascaux (França) e Altamira (Espanha) e dos vários suportes da escrita antes da invenção do papel: rochas das cavernas, casca e miolo de árvores, folhas de palmeiras, bambu, casca de tartarugas, couro, tabuinhas e fragmentos de argila, seda, osso, pedra, marfim, ouro, papiro, pergaminho e papel.
 
O papiro foi inventado pelos egípcios e os exemplares mais antigos datam de 3.500 a.C. Até hoje, as técnicas de preparação do papiro permanecem pouco claras, sabendo-se, apenas, que era preparado à base de tiras extraídas de uma planta abundante no Rio Nilo. Essas tiras eram colocadas em ângulos retos, molhadas, marteladas e coladas. Apesar da sua fragilidade, milhares de documentos em papiro chegaram até nós.
 
O pergaminho era muito resistente, foi produzido a partir de peles tratadas de animais, geralmente de ovelha, cabra ou vaca e já manifestava a forma de livro (códices) – século I d.C. Não era impresso (manuscritos), cópia única. Era confeccionado de 6 a 40 metros de tiragem. Resistiram até a Idade Média.
 
O papel situa sua invenção na China por volta do ano 105 da era Cristã. Há quem assegure que o papel começou a surgir no ano 200 a.C. e que a criação da primeira prensa no Brasil foi em 1808.
 
Os primeiros livros impressos eram chamados de Incunábulos e apareceram entre 1455 e 1500.   
 
Exemplos de livros raros foram descritos pela bibliotecária Madalena que diz:
 
Número pequeno de tiragem de livros publicados pode ser raro;
Livros que passaram por incêndio na editora e não mais editado restando apenas os que foram salvos podem ser raros; 
Primeira obra de um autor assinado por ele mesmo, também, é raro, etc, etc…
 
Citou como exemplo, uma obra de Machado de Assis que lá pelo ano de 1908 (?) foi mandado para Editora Garnier (França) para editar (na época mandar editar livros no exterior era mais barato que no Brasil) e a mesma errou na impressão de uma palavra no conteúdo do livro. Machado de Assis ficou com muita raiva e cobrou da Garnier uma providência. A mesma mandou imprimir novamente os livros. Após anos o mesmo livro esgotou e foi reimpresso no Brasil. Tudo isso para dizer que, nos três casos os livros tornaram-se raros.  
 
Madalena relatou que recentemente no Instituto do Ceará foi encontrado um documento raríssimo. O primeiro livro de atas do grupo de escritores cearense da Padaria Espiritual. 
 
Vejam bem, que beleza! A história da Padaria Espiritual em julgamento e análise quanto à sua criação! È a história sendo questionada, acrescentada e quem sabe até modificada em alguns aspectos. Esse é o valor do livro. É emoção contida. É proporcionar ao homem o direito “do saber” para melhor gratificar-se como ser humano. 
 
Como se expressou o escritor e jornalista português José Jorge Letria como é  fascinante ver “uma palavra erguida com tinta negra sobre o papiro, sobre pergaminho, sobre papel”.
 
 
Lúcia Oliveira 
28/11/2011