As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) representaram, para a Igreja Católica, uma grande manifestação dos direcionamentos do Concílio Vaticano II (1962-1965), no tocante à ação social da Igreja junto aos leigos. Estas comunidades fundamentaram-se na Teologia da Libertação, uma ideologia religiosa que pregava a libertação do homem em busca de sua emancipação, usando de reinterpretação da Bíblia, observando sempre opressores e oprimidos, e também de uma quebra de hierarquias dentro do sistema da Igreja. No Brasil, as CEBs atuaram de forma destacada durante as décadas de 1970 a 1990, chegando a ser o referencial de modelo eclesiástico na Igreja, o que chamou a atenção do Vaticano, sob o direcionamento do Papa João Paulo II, que após analisar a Teologia da Libertação, publicou o documento "Algumas Orientações sobre a Teologia da Libertação" (1984) , escrito pelo cardeal Joseph Ratzinger (atual Papa Bento XVI), então prefeito da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé (Antigo Tribunal do Santo Ofício), e passa a descreditar os teólogos da libertação de seus ensinos e práticas, por considerarem que tal teologia libertária, atravessa o limite da luta de classes e torna-se então " heresia marxista" para a Igreja. Acontece, então, um incentivo à desarticulação das CEBs em toda a América Latina, são freados seus serviços nas igrejas e seus membros passam a experimentar o ostracismo dentro das Pastorais e grupos, restando-lhes memórias de uma igreja cebista.