Dos gregos até os filósofos da modernidade, o ser humano era guiado por uma educação, de valor universal e normativo, dirigida para um ideal de cultura estabelecido, cuja teve três grandes fases durante a história da humanidade: a Paidéia grega, a Humanitas renascentista e a Bildung alemã. Este trabalho tem como objetivo fazer uma súmula histórica, de cunho teórico-expositivo, do caminho (methodos) que a noção de formação cultural teve por meio da Paidéia, da Humanitas e da Bildung. Apesar de Homero, com suas duas epopéias - a Ilíada e a Odisséia -, ser considerado o primeiro educador da humanidade, a noção de Paidéia teve sua época clássica no séc. IV a.C, na qual visava renovar e fortalecer, por meio de um ideal novo e mais alto, o Estado e a sociedade grega. Assim, nasce a figura histórica de Sócrates com a ironia de ser o grande educador na história filosófica do Ocidente. A Paidéia foi incorporada pela cultura romana, mas decaiu junto com o declínio do Império Romano para dar início a Idade Média. No Renascimento, a Paidéia foi revalorada pela Humanitas, na qual é considerado como primeiro humanista Francesco Petrarca que abriu alas para o Iluminismo. O humanismo da Humanistas resgatava a cultura greco-romana e trazia à tona um refinado culto da personalidade pela livre formação moral à dignidade humana através do uso livre da razão, o que caracterizara o início da época moderna com seu paradigma antropocêntrico. A Bildung, embora na modernidade seja o espelho da Paidéia, teve sua origem na mística medieval com Meister Eckart. O ser humano era a imagem de Deus (imago Dei) e devia formar-se por esta imagem. Na modernidade iluminista, a imago Dei cede lugar, em última instância, à imagem-modelo de um ideal racional, filosófico e científico. Com G. W. F. Hegel, considerado o último filósofo iluminista, o modelo da Bildung fecha o ciclo iniciado pelo modelo da Paidéia, da filosofia platônica-socrática, no qual, agora, é o caminho da formação cultural do indivíduo e da humanidade a um ideal de cultura concretizado no Estado-nação ocidental e expresso pelo saber absoluto do sábio-filósofo.