A arte rupestre se constitui numa atividade sócio-cultural na medida em que os grafismos se instituem em elementos de comunicação gráfico-visual interna e externamente aos grupos sociais. Este tipo de arte na rocha se constitui nas primeiras manifestações plásticas humanas, no período temporal demarcado de pré-história. Além desta dimensão comunicativa, na realização da arte rupestre, inscreve-se o plano da técnica de elaboração das pinturas e gravuras. No sítio de pintura Letreiro de Santa Maria, em Quixeramobim, no Ceará, os grafismos foram elaborados sobre a rocha, a tela rupestre, com a utilização do dedo, o que é corroborado por Marcélia Marques, no livro Materiais e saber na arte rupestre, quando esta fala sobre a largura dos traços nas pinturas do sítio em questão. A análise dessa utilização do corpo enquanto instrumento mediador para a realização da arte rupestre delimita o campo investigativo, visto que se constitui numa particularidade na elaboração dos grafismos. Dessa forma, será realizada uma reflexão histórica conjuntamente à análise arqueológica buscando mostrar as possíveis influências as quais os responsáveis pela realização destes grafismos eram submetidos e de que maneira suas práticas influenciavam e se refletiam em suas representações pictóricas.