O presente trabalho busca pensar o engajamento do filósofo Jean-Paul Sartre (1905 - 1980) no período da II Guerra Mundial a partir, sobretudo, da análise do conceito de liberdade desenvolvido pelo autor em sua principal obra filosófica - O Ser e o Nada. No contexto da guerra, mais precisamente durante a Ocupação alemã na França (1940 - 1944), muitos intelectuais franceses participaram ativamente da Resistência ao governo nazista, embora a participação de Sartre seja questionável. Se, segundo o autor, o homem está condenado à liberdade e o intelectual, por sua vez, tem a obrigação de se engajar, qual foi o papel que Sartre desempenhou durante o conflito e no pós guerra? De que forma sua escrita, já que escrever é agir, tanto a literária quanto a filosófica, desempenharam papel central na formação de consciências num mundo que começava a se bipolarizar? É então a partir do desenvolvimento das ideias de intelectual, liberdade e engajamento que o autor produz no período mencionado, da análise da formação do campo intelectual francês durante a Ocupação e no findar da guerra que se buscará problematizar seu itinerário e engajamento político em contraposição à sua produção filosófica e literária. Se para o filósofo existencialista "escrever é agir", qual o papel da sua escrita diante do que se passava no mundo e de que forma seu conceito de liberdade fora, em contrapartida, também determinado por tal situação.