A Ditadura Militar e "O Nordeste": Um jornal católico como ferramenta de legitimação de poder (1964-1966)
Dáfany de França Gomes
Universidade Estadual do Ceará
Após a renúncia de Jânio Quadros à presidência do Brasil, tomou posse João Goulart, conhecido popularmente por Jango, em 1961, que era vice-presidente e assumiu em um período em que o país encontrava-se política e economicamente instável. Seu governo foi marcado por uma dubiedade de poder, do qual oscilava entre a posição política de direita e a de esquerda. Jango tentou implantar as reformas de base que seguia a sistemática de tentativa de modernização iniciada em governos anteriores, porém foi considerada uma ação radical e fez com que muitos políticos e homens influentes e latifundiários (que compunham a elite brasileira da época) ficassem descontentes com seu governo a ponto de pensarem em alternativas que impedissem tais mudanças. Uma dessas alternativas culminou no movimento de 1964 e no regime militar que permaneceu de 1964 até 196 e que foram articulados pela elite e por militares de alta patente. O Jornal "O Nordeste", que atendia aos interesses e compartilhava com os ideais da Igreja Católica, sempre demonstrou ser contra o governo de João Goulart, assim como outros jornais do período, pois sua figura era associada pelos opositores de seu governo ao comunismo que na época era inimigo da Igreja Católica e portanto do próprio país , já que este era influenciado pela religião. Portanto, diante desse quadro político temos como objetivo apontar a contribuição do jornal "O Nordeste", para a realização do movimento de 1964 e para instalação da ditadura militar no Brasil absorvendo, assim, a contribuição dada também pela Igreja Católica, utilizando como metodologia a analise de artigos de opinião escritos por redatores do periódico e de noticias que trazem informações sobre o governo. Acreditamos que "O Nordeste" foi uma ferramenta de legitimação e de manutenção dos militares no poder, através de criticas ao governo anterior ao golpe e do claro apoio emitido por seus artigos. Nosso recorte temporal abrange os anos de 1964, ano em que ocorre o movimento (golpe de 1964) e 1966, onde há uma mudança estrutural no jornal em que ele passa a criticar o regime militar, porém não deixando de apoiar algumas medidas adotadas pelo governo. Utilizaremos como base o conceito de campo e das relações de comunicação de Bordieu.