PRÁTICAS DO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO CORONEL MURILO SERPA
Aparecida Rodrigues de Meneses, aparecida.meneses@aluno.uece.br;
Maria Ramila Sousa Oliveira, maria.ramila@aluno.uece.br;
Sânzia Mariana Gonçalves Andrade, sanzia.mariana@aluno.uece.br;
Camila Holanda Marinho, camila.marinho@uece.br;
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar as práticas do ensino de sociologia no ensino médio durante a pandemia da Covid-19 e também tem como finalidade explanar sobre a experiência relacionado ao Estágio Supervisionado II, referente ao curso de Ciências Sociais da Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI). O estágio foi realizado de forma remota na E.E.M. Coronel Murilo Serpa, que fica localizada na rua Anastácio Barroso Valente, 318, bairro Cruzeiro. O acompanhamento e os ensinamentos ministrados durante o estágio foram feitos pelo professor regente Régis Alves Pires, que é licenciado em história pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e atua na escola desde 2017.
Palavras-chave: Práticas do Ensino; Estágio; Experiência; Professor Regente.
1. INTRODUÇÃO
Ser professor é uma decisão que mescla expansão do conhecimento, mudanças sociais e domínio emocional. Segundo Paulo Freire (1921-1997), o professor à medida que ensina também aprende, desse modo, criam-se duas relações em sala de aula, uma de ensino e aprendizagem e outra de confiança no papel do educador. A identificação pelo magistério muitas vezes não é levada em consideração durante a formação do acadêmico, portanto, é no período do estágio que confrontamos a realidade do docente e a forma real em que ele desenvolve seu trabalho, consequentemente, o estágio permite conhecer melhor a rotina em sala de aula e interação do professor com os demais profissionais e espaços que formam a instituição. A experiência do estágio faz com que solidifique ou não o caminho que é pretendido seguir após a conclusão do curso, por consequência, o estágio se torna um desafio para o discente durante sua formação.
No curso de licenciatura em Ciências Sociais da FACEDI/UECE, o Estágio I, tem como objetivo principal conhecer a escola, sua cultura, estrutura física, institucional e o bairro em que a ela estava inserida, observando também a participação efetiva dela junto à comunidade. Esse conhecimento foi possível, apesar das visitas ao campo não terem sido regulares devido ao fim do ano letivo e ao surto epidemiológico causado pela Covid-19. A experiência foi gratificante e trouxe grande contribuição para a nossa formação. No Estágio II, após uma pausa devido a pandemia, a dinâmica do estágio passou por adaptações, uma vez que, não era mais possível acompanhar de forma presencial o trabalho do professor. Foram inseridas nas aulas remotas, palestras, oficinas, seminários e atividades de pesquisa que nos aproximaram afetivamente, mesmo que de forma virtual do professor regente que irá nos acompanhar no Estágio III.
A instituição escolhida para fazer parte da nossa formação foi a Escola de Ensino Médio Coronel Murilo Serpa, que foi fundada em Itapipoca no dia 03 de março de 1975 através do decreto nº 11.493, se tornando assim, um marco para o corpo social em que foi inserida, pois, naquele período não existiam escolas nas redondezas. A escola recebeu o nome do então Secretário de Educação do Ceará, o Coronel Murilo Waldeck de Menezes Serpa, uma vez que, durante a implementação e inauguração da escola, o Brasil estava sob regime ditatorial e era uma prática comum da época homenagear os militares através de nomeações de espaços públicos.
Atualmente a escola possui uma área de 10.000m² e uma estrutura física capaz de oferecer um serviço de qualidade aos educandos com ambientes bem equipados com laboratórios de informática, laboratório de ciências, sala de projeção de vídeo, biblioteca estruturada, quadra poliesportiva, pátio, sala dos professores, sala do grêmio, rádio escolar, sala da coordenação, diretoria e secretaria.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O estágio é fundamental, seja em quaisquer que for o ramo profissional e é por meio dele que adquirimos experiências e conhecimentos sobre o lugar, as pessoas e o ambiente que escolhemos para seguir determinada carreira. Para que, os estagiários coloquem em prática os ensinamentos adquiridos na Universidade faz-se necessário construir embasamento teórico. Durante o Estágio II, o embasamento foi alcançado através das palestras e dos textos que tivemos acesso no decorrer da disciplina, pois, tanto as oficinas como os autores que estudamos, trouxeram assuntos relacionados a experiência em sala de aula e a importância do estágio.
As palestras que tivemos durante esse momento, trouxeram grande estimulo para nós, os acadêmicos, mas, uma em especial teve grande destaque e contribuição para nossa formação docente. A apresentação em questão foi iniciada pelo Mestre e Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Irapuan Peixoto Lima Filho, que dividiu conosco sua trajetória, mas também a mensagem de que nos tornamos professores de fato no fazer e no refletir. Esse momento trouxe uma experiência significativa e uma visão mais ampla do ofício do docente. Nessa mesma ação, tivemos a fala da professora e colega de sala, Maria Geslane Sales, que é formada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), que dividiu com a turma sua linda trajetória acadêmica e profissional, nos presenteando com um relato emocionante e verdadeiro sobre a vivencia em sala de aula e como é preciso ir além das metodologias e do conteúdo programado, uma vez que, faz-se necessário encontrar equilíbrio perante a sala de aula e aceitar que nem tudo sai como previsto.
Um dos autores que trabalhamos na disciplina de Estágio II, que marcou nossa trajetória e de tantos outros educadores e educandos foi o grande mestre da educação Paulo Freire, que fala de um método de aprendizado onde o conhecimento ele é construído através de uma educação problematizadora, tendo como pressuposto o diálogo, que por meio deste educadores e educandos aprendem e ensinam mutuamente, além disso Freire, propõe uma significação do ensinar e do aprender, o mesmo diz que ensinar e aprender são conceitos que estão intrinsecamente ligados, visto que quem ensina aprende, pois, parte de um princípio onde há um conhecimento já aprendido, por outro lado observando a curiosidade do aluno o ensinante descobre muitas outras coisas, entre dúvidas e acertos, ou seja, quem ensina não sabe de tudo e precisa estar aberto a transformações e a rever seus posicionamentos, pois a educação está em constante movimento.
Em nosso caminhar como futuros educadores, tivemos também por meio teórico a autora Bell Hooks, que propõe a necessidade de discutir em sala de aula questões que fazem parte do cotidiano dos alunos como as questões de raça, classe e gênero. Bell Hooks, ressalta também como o conhecimento pode se dar por meio da pedagogia engajada, que seria uma estratégia de ensino que tem como objetivo fazer com que os alunos recuperem a vontade de pensar e alcançar sua autorrealização, no entanto não seria qualquer pensar e sim o pensar criticamente. Segundo a autora, a pedagogia engajada começa com o entendimento de que aprendemos melhor quando há uma interação entre estudante e professor e que o professor deve descobrir o que os estudantes sabem e o que precisam saber, mas essa descoberta só acontece se os mesmos estiverem dispostos a engajar os estudantes para além da superficialidade. Ou seja, é necessário uma educação crítica onde os alunos sejam engajados a se conscientizarem de que podem ser transformadores de sua realidade.
3. METODOLOGIA
Diferente do Estágio I, que tivemos contato físico com a escola, a experiência do Estágio II, transcorreu com algumas dificuldades e contratempos que infelizmente prejudicaram o acompanhamento adequado das aulas. Mas, mesmo diante desta afirmativa, houve sim, absorção de conhecimento de práticas pedagógicas em conjunto com a aproximação afetiva do professor regente. A aproximação foi estabelecida por meio de diálogos via whatsapp e através de encontros virtuais por plataformas onlines.
Devido a pandemia, todas as instituições de ensino tiveram que se adaptar ao modelo de aula remota, mesmo sem ter estrutura adequada, treinamento ou cultura já existente que englobasse práticas virtuais. Simultaneamente, com a escola Murilo Serpa, também não foi diferente, visto que, a mesma passou por dificuldades para se adaptar ao modelo de ensino remoto, principalmente diante da falta de acesso à internet dos estudantes, o que dificulta a transmissão das aulas. As aulas de sociologia e as demais matérias, foram ministradas através das plataformas online Google Meet e a Zoom. O professor Régis Alves, utilizou também como ferramenta de ensino vídeos curtos para atrair a atenção dos jovens, com a intenção de mantê-los interessados e engajados nos assuntos apresentados durante as aulas.
Teoricamente o contexto online proporcionaria mais facilidade para o docente, uma vez que, ele poderia ministrar melhor o seu tempo fora da sala de aula, já que, não existe mais necessidade de deslocamento para a instituição de ensino, porém, a realidade diante do cenário atual é totalmente diferente, pois, em uma das oficinas que fizeram parte da nossa formação, o professor Régis se fez presente e relatou sobre a sobrecarga de trabalho que praticamente duplicou para os professores, tornando o modelo de aula online extremamente cansativo e estressante.
4. RESULTADOS
O acompanhamento das turmas do professor regente não foram frequentes ou regulares, devido as próprias condições e empecilhos do ensino remoto, contudo, o professor regente se mostrou extremamente cordial e disponível, prontificando-se a contribuir de todas as formas possíveis com o desenvolvimento do estágio, apesar de suas múltiplas tarefas, não só como professor, mas, também como militante e articulador em outras áreas do conhecimento. Aprimoramos nossos conhecimentos sobre o ensino de sociologia no ensino médio e compartilhamos momentos enriquecedores que contribuíram para nossa formação, visto que, nos ajudou a entender que muitas das nossas aflições e medos não são só nossos e que para além dessas situações há uma meta que pode ser alcançada se desenvolvida com dedicação e afeto.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio é fundamental em diversos campos profissionais, e por mais que ele ocorra de forma online, não deixa de ser uma base extremamente necessária para a formação do docente. É nítido que apesar de todos os contratempos, a mensagem mais importante que se sobressai, é a de que a docência mesmo sendo uma prática milenar, continua se reinventando e por mais que haja desafios, os professores buscam maneiras efetivas de superá-los, transformando a educação e a vida de seus alunos.
6. REFERÊNCIAS
Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 35 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. (Coleção Leitura)
HOOKS, Bell. Ensinando pensamento crítico sabedoria prática. 1°edição. São Paulo: editora elefante, 2020.
FREIRE, Paulo. Cartas de Paulo Freire aos professores. Estudos Avançados, São Paulo, V 15, pág 259-268, 2001.