PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM: O ABSURDO EM CLARICE LISPECTOR

VANESSA PAULINO VENANCIO

Co-autores: FRANCISCO RAFAEL QUEIROZ DE OLIVEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Este trabalho tem por objetivo discutir o conceito de absurdo proposto pelo romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês Albert Camus (1913-1960), inicialmente, nas obras O mito de Sísifo (2014). A concepção de absurdo, segundo o autor, não é uma resposta, mas uma pergunta que não se responde devido à apuração da natureza insolúvel do sentimento ambíguo da hostilidade do mundo e do apego à existência. Por sua vez, no que diz respeito à literatura brasileira, Clarice Lispector, através de Perto do coração selvagem (1998), instaura uma obra de caráter inovador no que tange ao estilo, à linguagem e à escritura. Obra que possui uma narrativa introspectiva, marca da escritora, e que pode ser considerada vanguardista, uma vez que a fortuna crítica da autora declarava que suas obras estavam aquém de seu tempo, enfatizando, assim, o caráter moderno presente na obra em questão. Consoante Malcolm Bradbury em seu livro O mundo moderno: dez grandes escritores (1989), essa noção tem por fundamento o estudo das relações humanas e da sua condição, que ao sofrer transformações, alteram também ao mesmo tempo a religião, o comportamento, a política e a literatura. Tal obra, apesar de tratar do modernismo europeu (1860-1930), relata acerca de grandes escritores que ainda são considerados contemporâneos, pois realmente conseguiram "tornar novo", proporcionando a construção de imagens na tessitura de uma nova realidade, o que exerceu influência para a literatura brasileira, em que Clarice Lispector se insere.