IDENTIDADE FEMININA NA PERFORMATIVIDADE DO ETHOS

DULCE VALENTE PEREIRA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Para além de essências, para além de uma positividade a ser celebrada, a questão da identidade tem sido concebida em termos de performance, principalmente, por muitos (as) teóricos (as) da linguagem. A ideia de performance refuta todo e qualquer argumento que advogue que a referida questão é algo cuja constituição se dá fora das relações sociais reais, bem como fora dos contextos de práxis humana. Em suma, seguindo o pensamento de Judith Butler, a constituição da identidade do sujeito se dá no e pelo discurso. Acrescenta-se a tal compreensão o fato que, na pós-modernidade, o sujeito e a identidade serem constantemente deslocados pelos efeitos da globalização. Em outros termos, o sujeito contemporâneo é reflexivo e, assim sendo, é fragmentado, pois, segundo Giddens, muitas são as informações desencaixadas, transportadas por longas escalas de espaço-tempo e reinseridas nos mais diversos contextos praxiológicos. Alinha-se à reflexividade a natureza de iterabilidade da linguagem, pois segundo Derrida, o significado não se fecha sobre si mesmo, tornando possível a ressignificação de sentidos que foram naturalizados ao longo dos tempos como, por exemplo, os de estereótipos de gênero. Portanto, ao buscarmos compreender os sentidos linguístico-discursivos da identidade feminina na performatividade do ethos no discurso da presidenta Dilma Rousseff, nosso foco recaiu sobre as reproduções, mas, principalmente, sobre as ressignificações do feminino no discurso da referida mulher. A análise se deu sob a luz de uma perspectiva pragmático-discursiva (Austin; Derrida; Wittgenstein) alinhada aos mais recentes estudos de gênero (Butler).