O DISCURSO DO PODER NA TREVA BRANCA O poder não é inerentemente "ruim", ou seja, o poder pode ser usado para muitos propósitos neutros ou positivos, ele abrange diversos âmbitos, como na política, na mídia, na ciência e na sociedade. O objetivo deste trabalho é analisar o poder na obra "Ensaio sobre a Cegueira" (1995) de José Saramago. O poder para Van Dijk (2010) não envolve apenas o discurso, ele pode ser também resultante de uma força crucial, podendo afetar as mentes das pessoas, através de um acesso ao discurso e à comunicação sobre o grupo, instituições ou indivíduos dominados. Na treva branca, presente na obra em análise, esse poder parte inicialmente do governo, dominando toda uma cidade cega, usando do discurso manipulador. Logo após, temos um cego que ao utilizar do abuso de poder de força bruta e o discurso, domina os cegos em quarentena, fazendo que todos os indivíduos o obedeçam e sejam humilhados de diversas formas inclusive à violência sexual. E, por fim temos o poder de uma personagem sem nome que não ficou cega e que usa do poder do discurso para a sobrevivência de seu grupo minoritário. A metodologia utilizada na pesquisa é qualitativa e temos como suporte teórico as definições de poder de Van Dijk (2010) que analisa o poder, sobretudo o abuso deste, utilizando como instrumento de Análise de Discurso Crítica, que, desenvolve ferramentas de análise e explica em exemplos concretos o poder. Como conclusão, observamos que o poder descrito em Saramago é o que domina o destino das personagens, fazendo-os experimentar o novo, muitas vezes de uma maneira desagradável e outras até de conforto. O discurso domina mentes e mentes controlam ação. Isso significa que, no poder, é crucial dominar primeiramente, o discurso.