A SUA IDADE DETERMINA A SUA FALA: CONCORDÂNCIA VERBAL NO RECIFE

LETANIA PATRICIO FERREIRA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

A literatura sugere que pelo menos dois diferentes sistemas de número coexistem no Português Brasileiro (PB), um baseado na variedade padrão, que concorre com variantes não-padrão, CORRÊA (2005) e CASTRO (2007). A concordância de número em PB é um tema complexo e segundo estudiosos, uma regra variável condicionada tanto por fatores sociais como linguísticos, SILVA et al. (2006). Este trabalho examina a concordância verbal no dialeto falado por 11 sujeitos de classe média do sexo feminino no Recife distribuídos em três grupos etários: 8-10 anos, 25-40 anos e mais de 60 anos. Todos os sujeitos com exceção das crianças cursaram nível superior.

Os dados, analisados no Goldvarb, mostram que fatores linguísticos, como a tonicidade da sílaba, tem grande impacto para a manutenção da marca de plural em verbos, confirmando a importância da saliência fônica para a variação de número no PB, como sugerido por Naro (1980). Embora vários autores tenham sugerido nível de educação como o fator social mais relevante para explicar a concordância de número no PB, nossos dados mostram que a concordância verbal realizada por crianças com educação básica se aproxima bastante dos valores apresentados pelo grupo total de adultos com educação superior (peso- .46/.51). Quando os dados são divididos por faixa etária observamos que adultos em idade laboral produzem maior concordância que as crianças; essas por sua vez superam o nível de concordância verbal executado por adultos maiores de 60 anos com nível superior (peso- .67/.45/.30). Esses resultados confirmam uma tendência encontrada por Scherre e Naro (2006) no Rio e Yacovenco et al. (2012) em Vitória-ES indicando a relevância do fator idade para a explicação da variação na concordância e sugerindo uma possível mudança linguística. Especulamos que isso seja resultado de crescimento na educação, mobilidade e pressão social.