AS NASAIS NO CRIOULO DA GUINÉ-BISSAU

PAULA MENDES COSTA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Este trabalho objetiva descrever o comportamento das nasais no Crioulo da Guiné-Bissau (CGB) considerando os fenônemos fonológicos que as envolvem. O CGB integra a família linguística dos crioulos de base lexical portuguesa da Alta Guiné, da qual também fazem parte o crioulo Caboverdiano e o crioulo de Casamansa. Assim, o CGB resulta do contato entre o português e as línguas africanas (família Níger-Congo) faladas na Guiné-Bissau. Este trabalho faz parte da dissertação de mestrado (2014) da autora e, para a sua realização, foram considerados estudos anteriores acerca das nasais no CGB, como os de Mbodj (1979), Kihm (1986) e Couto (1994; 1996), e trabalhos que apresentam análises fonológicas das nasais no crioulo caboverdiano, semelhante em alguns aspectos ao CGB, como os de Couto e Souza (2004), Lang (1999; 2000; 2007) e Quint (2006). Salienta-se que, nesta literatura, ocorrem algumas divergências na interpretação de fenômenos que envolvem as nasais, como no caso das consoantes denominadas pré-nasalizadas. A metodologia adotada contemplou a coleta de dados sonoros junto a 5 estudantes guineenses vinculados à UFPE, sua transcrição fonética, análise e verificação acústica dos dados e comparação dos resultados com a literatura. Os resultados encontrados indicaram que: (1) em posição de ataque silábico, a nasal do CGB é semelhante à do português europeu; (2) em interior de palavra a nasal seria coda; e (3) em posição de coda e em início de palavra, a nasal é silábica e corresponde fonologicamente a um arquifonema. Assim, de acordo com o que foi verificado, não precisaríamos considerar a existência de pré-nasalizadas no Crioulo da Guiné Bissau. Por fim, o presente trabalho inscreve-se nos estudos crioulísticos de base sincrônica, apoiando-se inicialmente na abordagem estruturalista norte-americana e, para análises mais aprofundadas, em arcabouço teórico mais moderno, fornecido pela fonologia pós-gerativa, constante em Goldsmith (1995), Clements (1995), entre outros.