NIETZSCHE E A CRÍTICA AO HISTORICISMO: POR UMA HISTÓRIA A SERVIÇO DA VIDA

ELIELVIR MARINHO DO NASCIMENTO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A problemática da história acompanha em grande medida o empreendimento filosófico de Nietzsche. Imbuído pelo ímpeto de operar uma crítica capaz de desconstruir os fundamentos metafísicos e morais constitutivos da cultura moderna, fundamentos estes que possibilitam uma autolegitimação da identidade ocidental, Nietzsche não hesitará em eleger e atacar alguns pontos que ele considera estratégicos para a execução de seu projeto de "transvaloração dos valores". Crítico da cultura, o autor da segunda consideração intempestiva, a qual se intitula "Da utilidade e desvantagem da história para a vida", aponta os perigos que o sentido histórico moderno, fruto das filosofias da história de cunho metafísico, teleológico e iluminista, pode acarretar para a construção de uma cultura afirmadora da vida. Ao conceber a história como o processo de realização de um fim predeterminado e necessário, a modernidade regozija-se com suas próprias conquistas e coloca a si mesma como o coroamento da história humana, a sua última palavra, o seu ápice e maior possibilidade. Por outro lado, Nietzsche como filósofo e médico da civilização, diagnosticará que o homem moderno sofre de uma doença, a "doença histórica": conhecedor do passado e da cultura histórica é incapaz de afirmar o devir múltiplo do mundo. Paralisado pelo peso de seu passado, o homem da era moderna - considerada a velhice da humanidade - é caracterizado por seu cansaço e tédio diante da existência. Como antídoto para a "doença histórica", Nietzsche propõe que a história esteja a serviço da vida, isto é, que seja portadora de um pensamento capaz de ir contra o que há de intolerável no presente para criar o futuro.