A MODERNIDADE VAI À FEIRA: TRADIÇÃO E CULTURA POPULAR EM MEIO AO SÉCULO XXI.

SABRINA BARROS NEPOMUCENO

Co-autores: JULIANA GAMA MATIAS
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A vivência pedagógica no Ensino Médio por diversas vezes encontra- se sob uma perspectiva descontextualizada e amorfa. As recentes abordagens do Ensino de História propõem uma necessidade de diversificação de nossas matrizes curriculares. Neste cenário buscamos propagar entre os alunos da EEEP Edson Queiroz, em Cascavel-CE, o fortalecimento de um espírito crítico-investigativo valorizando o espaço das feiras populares em meio à modernidade. Estas foram percebidas assim, como um ambiente de saber pedagógico dinâmico, festivo, rico de possibilidades e que historicamente trazem uma movimentação genuína e cultural às mais diversas realidades.  As feiras-livres, mesmo frente às efemeridades, resistem ainda, sendo muitas vezes espaços vitais de incremento econômico e de manifestação cultural. Este trabalho possui, portanto, como mote central, o caráter lúdico e de valorização de um currículo significativo associado a uma aprendizagem efetiva. Buscou-se entender o ambiente pedagógico como plural, por meio do estudo das feiras livres sendo estas um viés que contribuiu para o aprofundamento dos saberes ligados à cultura popular brasileira, como patrimônio que não pode ou deve perecer em meio ao século XXI. Por meio de oficinas de produção textual investigamos o sentimento em relação às feiras  e passamos ao estudo temático destas na história da humanidade, sua importância econômica e valor histórico, simbólico e social. Seguidas às pesquisas bibliográficas remontamos ao estudo em campo e coleta de dados através de observação, registros fotográficos, entrevistas e análise de dados. Expusemos nossa pesquisa no espaço legislativo municipal. Esta foi uma forma de notabilizarmos junto ao poder público local a feira como meio de resistência e expressão "popular e tradicional" frente ao "moderno e hegemônico". Criamos um espaço de reconhecimento e valorização das feiras livres na atualidade: uma fan page, que como recurso midiático nos permitiu dar maior visibilidade às ações. Reforçamos assim, a feira como espaço de trocas, geração de renda e manifestação cultural, intensificando ainda o diálogo entre as "redes sociais" tradicionais e contemporâneas. Observamos que a aprendizagem pautada na interação com nossa realidade serviu para refletirmos sobre a importância das feiras frente à contemporaneidade e seus riscos de obsolescência. Ao interagirmos acerca do moderno e do tradicional pudemos intensificar conceitos históricos, dinamizar nossa prática pedagógica e ainda fortalecermos a autoestima em relação a esta expressão de incremento econômico e cultural em nosso município, estado e região. Esta iniciativa inseriu-se no trabalho voltado à Educação Patrimonial que desenvolvemos na EEEP Edson Queiroz onde colhemos bons resultados através de experiências enriquecedoras. Pudemos discernir com estas ações sobre uma prática de ensino-aprendizagem pautada na criticidade, engajamento social e atitudes norteadas pelo princípio do protagonismo juvenil. A aprendizagem extrapola os referenciais indicados pelos livros didáticos ou o saber adquirido no interior dos muros escolares. A dinamização do conhecimento histórico através das feiras populares foi o elemento selecionado para que pudéssemos questionar nossa postura nesta contemporaneidade marcada pela globalização excludente e homogeneizante. A partir daí pudemos notar a formação e mobilização de nossos alunos como sujeitos críticos, assumindo seu papel cidadão. Ampliamos as possibilidades que permeiam nossa vivência pedagógica e contribuímos para a afirmação de nossos valores culturais e do respeito à diversidade e tradição popular. Consolidamos por intermédio desta pesquisa, a percepção do espaço das feiras como ambiente pedagógico que se mostra fértil por sua pluralidade, potencialidade e pela rede de sociabilidade que alimenta em nosso contexto atual, resistindo e adaptando-se à presente Era da Globalização.