As rifas, nosso objeto de estudo, são muito comuns em Quixeramobim desde a década de 1950, mas até os dias de hoje continuam sendo uma prática sem registros escritos, situando-se à margem da história escrita. Assim sendo, nosso objetivo é revelar como se dão as suas práticas, quem são seus jogadores, bem como os significados desta para a sociedade de jogadores e não jogadores. Utilizando como referência teórica Huizinga (2000), Geertz (2008), Pesavento (2007 e 2008) e Portelli (1997) organizamos uma narrativa sobre o jogo, descrevendo suas práticas no contexto urbano, tendo como fonte principal a oralidade. Adentramos fisicamente no mundo do jogo por meio da observação de duas rifas. Foram entrevistados quatro jogadores e quatro pessoas que não jogam rifa. Após a coleta de dados, concluímos que as rifas estão presentes em boa parte dos bairros periféricos da cidade. Representam para os jogadores uma das poucas opções de lazer e sociabilidade de que os mesmos dispõem. Enquanto para aqueles que não jogam, há controvérsias nos discursos, uma vez que, para uns se constituem enquanto espaço de vício, onde se procura ganhar acima de qualquer coisa e para outros se constituem como hábito de lazer e descontração.