O referente estudo, que contempla a pesquisa do Mestrado ainda em andamento, é uma leitura da trajetória do Centro Social de Monte Grave (CSMG), que surgiu enquanto associação no início da década de 1970 e se fez notificar por atividades desenvolvidas no âmbito da saúde, educação e outros serviços sociais. Partimos da premissa que entender o caminho traçado pelo CSMG é recuperar uma parte da história política do município de Milhã/CE, permitindo ainda o entendimento das experiências de entidades comunitárias no Ceará. Buscamos assim, compreender como se deu a atuação, organização e afirmação do Centro Social de Monte Grave a partir da fala dos sujeitos que vivenciaram e dinamizaram a vida social da associação. Esta pesquisa é realizada tendo como fonte principal entrevistas concedidas pelos sócios e/ou familiares, que falam sobre suas trajetórias tendo como pano de fundo as experiências em torno dos projetos administrados pelo CSMG. Além das fontes orais citadas, contamos com uma vasta e variada documentação escrita tais como: publicações em forma de livreto editado pela Diretoria da Associação; Estatuto do CSMG; ata de fundação; atestado de registro etc. Temos ainda um álbum de fotografias que retrata as atividades em funcionamento. Analisaremos as fontes orais, escritas, e imagéticas vendo que elas coexistem incessantemente. Com estes recursos teóricos metodológicos buscamos situar os discursos, as representações e as falas dos atores sociais envolvidos na criação e na execução dos projetos da entidade. Optamos por utilizar nessa pesquisa a metodologia da história oral, dialogando, sobretudo, com as discussões de Alessandro Portelli, Gisafran Jucá, Verena Alberti, Janaína Amado, Marieta Moraes e Telma Bessa, procurando evidenciar através de entrevistas os vários olhares, para assim conhecermos o maior número possível de visões sobre o CSMG. Assim é necessário um profícuo diálogo com Paul Ricoeur, Michel Pollak, Pierre Nora, Arllete Farge, dentre outros autores que discutem o papel da memória, pois vemos que ela pode ser compreendida como o resultado do entrelaçamento das experiências cotidianas, e a fala é um fio que compõem a grande rede construída com o tempo, onde vários fios são dados nós, e só nos chega à seleção de acontecimentos que consciente e inconscientemente o entrevistado permite-nos conhecer. Esse saber torna-se discurso historiográfico, mas a partir do olhar de dentro, de quem vivenciou. É com esse pensamento que buscamos revelar, através da fala de outrem, de registros históricos, de um passado preso na fotografia amarelada traços de uma comunidade que se fez notar a partir de uma experiência social inovadora e conflitante.