O estudo em tela, está inserido nas recentes discussões acerca da cultura material, onde buscamos relacionar cultura material, consumo e sociedade. O referido trabalho tem como objetivo analisar as relações de pertencimento estabelecidas pela elite aracatiense a partir da inserção de mercadorias europeias em seu cotidiano doméstico, procedentes, principalmente da Inglaterra e França. Tais mercadorias podem ser percebidas como elementos de distinção social, onde o referido grupo se apropria de uma cultura estrangeira através dos objetos que consome neste caso as louças, pratarias, mobília e cristais. E a partir deste consumo absorve hábitos e costumes proveniente de uma cultura que não é sua, mas que serve como modelo. Os anos de 1850 a 1890 evidenciam um maior consumo das referidas mercadorias através de pedidos realizados pelas casas e representantes comerciais que tem o papel de intermediários entre a mercadoria e o consumidor, ou através de catálogos ou anúncios de jornais. Para realizar a análise, foi utilizada a documentação da Casa Boris Fréres, referente à cidade de Aracati, as correspondências expedidas e mapas demonstrativos da Alfândega de Fortaleza e Aracati. Além destas fontes, trabalharemos com os anúncios dos anuários e catálogos entre os anos de 1850 a 1890 e os fragmentos de louça encontrados durante escavações da CAGECE entre os anos de 2007 e 2009. Neste sentido, pretende-se entender como a sociedade aracatiense absorveu tais mercadorias e como a mesma montava seu espaço doméstico. A metodologia utilizada foi a do cruzamento de fontes. Acredita-se, portanto, que a entrada de mercadorias europeias de uso doméstico possibilitou mudanças nos hábitos e costumes da sociedade aracatiense e sua inserção no processo civilizador capitalista.