Fortaleza cai na jogatina: O jogo como conduta transgressora na Fortaleza "civilizada" (1900 - 1930)
Maria Adaiza Lima Gomes
Graduanda em História - UECE
No começo do século XX a cidade de Fortaleza enfrentou um processo de modernização, a partir de profundas transformações econômicas, sociais e culturais, advindas da influência européia. Transformações que modificaram a produção e o consumo e os hábitos e os costumes cotidianos.
Os grupos sociais em ascendência buscavam novos hábitos que evidenciassem sua condição social. A cultura européia virou padrão de comportamento. Porém, era preciso também disciplinar toda a população impedindo-a de manter hábitos que dificultavam o progresso, tais como a prostituição, a embriaguez e a prática de jogos de azar. Tais costumes entraram em conflito com os hábitos ditos civilizados trazidos pela modernidade e passaram a serem vistos como desvios de conduta.
A preocupação agora era corrigir as condutas consideradas transgressoras. Controlar e disciplinar os hábitos da população passou a ser o principal objetivo. A jogatina virou tema freqüentemente criticado, pois representava um grande atentado contra a moral e os bons costumes.
Os jogos de azar eram proibidos por lei, porém, mesmo assim, tornou-se um vício sem controle que era praticado pelas camadas populares, mas também por membros de famílias abastadas, como é o caso dos Accioly.
Este trabalho analisará a difusão da prática de jogos de azar na cidade de Fortaleza no inicio do século XX (1900-1930) e discutirá as tensões sociais trazidas pela sua repercussão como conduta transgressora que ia de encontro à remodelação da cidade e o discurso moralizante do período.
PALAVRAS-CHAVE: JOGOS-TRANSGRESSÃO-CIDADE