INTRODUÇÃO
Diversos são os temas possíveis de serem trabalhados em Educação Ambiental (EA). No entanto, o tema eleito neste trabalho debruça-se nos estudos das águas disponíveis, em um dos açudes do sítio Araras, Acopiara/CE, por tratar-se de um bem necessário a todos os que residem nessa comunidade, que embora muito utilizado seja, ao mesmo tempo, é tão mal cuidado. Esses maus tratos às águas - não só no sítio Araras - persistem apesar de todos os alertas da mídia sobre sua importância e das discussões sobre os problemas rurais e ambientais envolvendo esse recurso. Contudo, a grande maioria das pessoas parece ainda não ter ideia da importância desse assunto. A educação, e em particular a EA, pode ajudar a reverter essa situação, uma vez que ela pode agir como um dispositivo útil para que as pessoas possam ser sensibilizadas e tenham despertada a consciência da importância da manutenção e preservação desse recurso natural e finito. A EA tem como princípios: considerar o meio ambiente em sua totalidade, isto é, em seus aspectos naturais e criados pelo homem (político, social, econômico, científico-tecnológico, histórico-cultural, moral e estético); constituir um processo contínuo e permanente, através de todas as fases do ensino formal e não-formal; aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada (DIAS, 2004, p. 12). A população pode ser estimulada a agir tendo em vista um desenvolvimento responsável, segundo o qual se reflete sobre a sua interação com o meio ambiente, seja ela natural ou cultural, e as consequências desta para as gerações vindouras. Nesse sentido, a EA atua como uma importante medida preventiva. Oliveira (2002, p. 131) coloca o recurso hídrico como referencial para a análise dos problemas ambientais e para o ensino e a pesquisa em EA. O ensino e a pesquisa relativos aos recursos hídricos compreendem o diagnóstico da percepção dos sujeitos envolvidos, levando-se em conta suas dimensões afetivas e estéticas na consolidação para a tomada de decisões no gerenciamento hídrico. Um dos principais enfoques da EA é a qualidade dos recursos hídricos à disposição da população. Assim as melhorias na qualidade de água estão intrinsecamente relacionadas à EA. Dessa forma, utilizar noções de EA podem atenuar problemas relacionados à qualidade de água. Isto a torna muito importante já que esta é um recurso essencial para a manutenção da vida, ou seja, dependemos dela para sobreviver. Necessitamos da água para nossa alimentação, higiene, saneamento, navegação, produção de energia, agricultura etc. Cada vez mais se reconhece a sua fundamental importância, afinal ela tem influência direta no nosso bem estar. Em face de tudo isto se viu necessário promover uma melhoria na qualidade da água para o consumo. Hoje sabemos que o tratamento é fundamental para se ter uma boa qualidade de água (BRASIL, 2006, p. 4). Nos grandes centros urbanos a água é, por vezes, contaminada por esgotos que desembocam nos mananciais. Estes esgotos estão carregados de materiais orgânicos que são uma fonte nutritiva para microrganismos, conduzindo ao aumento das populações de bactérias, fungos e protozoários, e por vezes contaminada por indústrias que lançam nas águas grandes quantidades de resíduos tóxicos.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Tendo em mente que existe um grande interesse das comunidades acerca da questão hídrica, principalmente em regiões onde a água tem restrições quanto à sua disponibilidade, tornou-se relevante o interesse em contribuir na construção de conhecimentos sobre o ambiente local com a participação ativa da comunidade rural. Em regiões afastadas dos grandes centros, as complicações são diferentes, mas também existem. Exemplo disso é um grande problema verificado em regiões rurais do Estado do Ceará, onde o contingente populacional ainda é grande, e é comum a ausência ou a não aplicação de procedimentos que auxiliem a deixar a água em condições adequadas de potabilidade para consumo humano. Nessas regiões, a população continua utilizando a água bruta, ou seja, as pessoas dessas localidades consomem a água sem que ela passe por meios eficazes de controle. O Sítio Araras, localizado em Acopiara/CE, dispõe de dois mananciais (açudes), para captação de água para consumo humano. A população local escolhe o manancial a ser captada a água de acordo com a proximidade, ou seja, as pessoas apanham a água do manancial mais próximo de suas casas. Em regiões como a do Sitio Araras, as principais causas prováveis para que a água se apresente fora dos parâmetros indicados para o consumo é a contaminação advinda da atividade agropecuária, decorrente muitas vezes de práticas desnecessárias ou intensivas nos campos. A partir de tais procedimentos, são enviadas aos corpos d'água grandes quantidades de substâncias contaminantes, sendo que a maior parte delas é proveniente de dejetos animais. Estes resíduos do metabolismo animal podem adentrar nos mananciais de duas formas:
Além disso, existe outra maneira para que sejam incorporadas partículas inconvenientes aos corpos d'água de que fazem uso os habitantes da região. Os moradores da localidade fazem uso da água, dentro dos reservatórios, para higiene pessoal e para lavagem de roupas, o que muitas vezes aparece como um dos principais fatores de contaminação de água, porque reúne a sujeira da roupa àquela do próprio corpo que a vestiu (RIBEIRO; GALIZONI, 2000, p. 40). A EA, de acordo com Dias (2004, p. 16), ajuda a resolver, não só questões hídricas, mas vários outros problemas ligados à natureza. Isso é possível porque a EA promove um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tomam aptos a agir individual e coletivamente para resolver problemas ambientais presentes e futuros. A EA nas comunidades, sejam elas urbanas ou rurais, requer a geração de conhecimentos sobre o ambiente local e a participação das próprias comunidades nas questões referentes ao meio ambiente.
RESULTADOS E DISCUSÕES
No período de Meio a Outubro de 2010 foram realizadas coletas no açude mais utilizado pela comunidade (açude salgado). As amostras foram analisadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), onde, além da análise bacteriológica com determinação apenas da presença ou ausência de coliformes totais e fecais, foram também feitas as análises físico-químicas, levando-se em conta os padrões de alumínio, cor aparente, ferro, potencial hidrogênio iônico (PH) e turbidez. Tais análises foram realizadas considerando-se que os índices de qualidade de água constituem meios para relatar informações coletadas dos sistemas de monitoramento por meio de um número, uma classe, uma descrição verbal ou uma cor. (SOUZA; LIBÂNEO, 2009, p. 20).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de informação, de orientação e de recursos, além do próprio descaso dos moradores do Sitio Araras, faz com que a população se acomode e não busque métodos que promovam uma melhoria na qualidade da água local. Isso mostra a necessidade de projetos em que a EA entre como meio principal para a melhoria das condições de vida da população.