Considerada como ingestão excessiva de comida e bebida, a gula já foi vista como um dos principais vícios que destroem o homem. Esteve ligada à ideia de pecado e conferiu status e poder a quem a praticasse. Hoje, vivemos um paradigma no qual, de um lado, temos a gula deixando de ser alvo de condenação e tornando-se algo comum no nosso cotidiano, já que cada vez mais somos estimulados a experimentar os prazeres proporcionados pela comida. Do outro lado, temos o discurso médico por um corpo mais saudável e livre da obesidade. Este artigo propõe uma reflexão sobre os diversos modos como a humanidade, ao longo dos tempos, se relaciona com a comida e com a bebida, através da percepção das mudanças culturais ocorridas que deram origem à ideia de gula na contemporaneidade.