Este artigo consiste em uma análise das relações envolvendo sindicalistas e candidatos a cargos eletivos nos pleitos eleitorais de 2008, 2010 e 2012. Com base na abordagem chamada sociologia relacional e processual, cujo fim é atentar para as formas de inter-relação e interdependência estabelecidas entre agentes e/ou organizações fundadas ao longo de um espaço temporal e desenvolvida, principalmente, por Norbert Elias (1994; 2005) e mais recentemente em trabalhos empíricos de Eduardo Cesar Marques (1999; 2006) e Marcelo Kunrath Silva (2006). Assim, este trabalho visa captar, a partir de entrevistas coletadas e comparadas, os padrões de relacionamento entre estes agentes sociais (sindicalistas e políticos), bem como analisar as mudanças e permanências, ao longo de parte da história do sindicato investigado, feito a partir das memórias do sindicalista entrevistado, nas demandas e nas formas de atuar daquela organização - um sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais, situado no pequeno município de Aracoiaba (Ceará). Enquanto procedimento analítico, buscou-se identificar, nas entrevistas coletadas, a rede de contatos estabelecidas e acionadas pelos sindicalistas, o seu capital social (BOURDIEU, 1980), onde constatou-se a existência de aproximações entre estes agentes integrantes de instituições diferentes (partidos e sindicatos) em momentos de eleições para cargos eletivos, principalmente, para prefeito, vereador, deputado federal e estadual. Faz-se necessário observar que, assumir a existência de vínculos entre sindicato e partidos políticos não é, em geral, atitude comum, já que ao se estabelecer este tipo de relação, corre-se o risco de, com ela, comprometer a independência e a autonomia sindical elemento de alto valor para seus integrantes, no entanto, não é isso que ocorre neste caso estudado, em que, parte da diretoria é filiada ao Partido dos Trabalhadores e apoiou candidatos deste partido ou que se coligaram com este mesmo partido. A aproximação leva ao entrevistado, a chamar de "interlocutores", os políticos eleitos e apoiados por eles, apesar de em certos momentos reconhecer os limites desta representação. Com isso, a partir dos achados tem-se a possibilidade de se discutir categorias da sociologia relacional voltadas para os estudos que envolvem a relação entre Estado e sociedade civil (não mais analisadas como instâncias separadas, mas contínuas, porosas, fluidas) tais como trânsito e permeabilidade institucional, já que o integrante entrevistado justifica tal aproximação pela afinidade com o partido, o que nos leva a discussão da categoria: homofilia, a ideia de que semelhantes se relacionam.