A proposta desta pesquisa é analisar as memórias e o cotidiano dos trabalhadores das usinas de algodão em Quixadá, respectivamente nas décadas de 1960 e 1970 (período áureo da monocultura do algodão). De acordo com as fontes levantadas, eram centenas de operários distribuídos em seis fábricas de beneficiamento, empregando homens e mulheres em diferentes funções, espaços e hierarquias. Diante desse vasto universo optamos pela realização de entrevistas com ex-trabalhadores desses estabelecimentos, pois através das memórias desses sujeitos históricos procuramos levantar aspectos do seu cotidiano dentro e fora do mundo do trabalho: as relações estabelecidas no ambiente fabril; o universo familiar marcado profundamente pela condição operária; os locais de moradia, muitas vezes cedidos pelos proprietários das fábricas, assim como as "bodegas" em que essas familias compravam produtos. Interpretamos ainda, os silêncios e as ênfases dos depoimentos orais, já que a memória é um campo de disputas e versões sobre o passado. Nossa bibliografia é voltada pelo debate da historia social com autores como Edward Thompson, Eric Hobsbawm; e também da Memória e Historia Oral como Verena Alberti, Alessandro Portelli e Michel Pollack.