Documentos históricos: Ensino e crítica histórica.
Autor: José Felipe Oliveira da Silva.
Email: felipeoliveira1991@hotmail.com
Pensar a prática docente campo do ofício do historiador, é uma premissa fundamental para a educação histórica. Nesse sentido, como nos mostra Manoel Luiz Salgado, o ensino de História é um dos usos historiográficos da Ciência histórica, onde não podemos esquecer o público alvo, isto é, os estudantes, como sujeitos ativos no processo de construção da reflexão histórica. Por meio do projeto PIBID - História UFC, foi desenvolvida, junto aos alunos do 2º ano do Ensino Médio da E.E.M. Liceu de Messejana, Fortaleza-Ceará, uma oficina sobre a utilização de fontes históricas sobre a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Os estudantes entraram em contato com três fontes de diferente tipologia referentes ao período: correspondências - fotografadas no Arquivo Nacional de Brasília pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em História e Gênero da UFC; documentos áudios-visuais de ex-presos políticos e militares atuantes na Ditadura que eram mostrados ao final de episódios da novela Amor e Revolução, exibida em 2011 pelo SBT; uma música de protesto - "Cálice" de Chico Buarque e outra dita "brega ou cafona" - "Pare de tomar a pílula" de Odair José. A sequência das intervenções seguiu a seguinte ordem: Fizemos um preâmbulo sobre a conjuntura do golpe de 1964. Em outro momento lançamos a ideia da participação de alguns segmentos da sociedade junto à ditadura, ao discutir as correspondências de civis que chegavam à Divisão de Censura e Diversões Públicas (DCDP) pedindo ao governo a interdição de programas da TV, Novelas, etc. que na visão deles feriam a "moral e os bons costumes". Depois, com os depoimentos, analisamos os conflitos de memórias que perpassa o campo de disputas políticas e sociais em torno da Ditadura, bem como a performance dos depoentes na construção de suas narrativas orais . Em seguida a partir das músicas problematizamos as tensões políticas nelas implicadas. Pensando numa didática da História, assim como Rusen, que problematize a consciência histórica, buscamos compreender com os estudantes a memória presente em torno do período, muito marcada por uma forte tônica traumática, como construção histórica, imagem essa recorrente entre os estudantes na atividade. A partir do uso de fontes com os discentes fizemos um exercício de pensar historicamente por meio de uma operação de deslocamento, segundo Certeau, onde vestígios são colocados na condição de fonte histórica. Mostrando assim a prática docente como um espaço de produção de conhecimento histórico.