A arte rupestre se constitui nas primeiras manifestações plásticas humanas, no período temporal demarcado de pré-história. É considerada uma atividade sociocultural visto que os grafismos se constituem de elementos de comunicação gráfico-visual interna e externamente aos grupos sociais. Para além dessa dimensão comunicativa, percebe-se a possibilidade de análise do plano da técnica de elaboração das gravuras e pinturas, como no sítio de pintura Letreiro de Santa Maria, em Quixeramobim, no Ceará, cuja largura dos traços fomenta a constatação da utilização do dedo em sua realização. Este mesmo sítio apresenta orifícios polidos - pilões - num bloco rochoso na base do painel, que sugerem práticas de horticultura no local. Através da peculiaridade do ato de emprego do corpo na criação da arte rupestre, uma experiência estética que não dispõe de instrumentos de mediação, juntamente com a consideração da proximidade entre os orifícios polidos e os grafismos, e também das possíveis influências as quais os responsáveis pela realização destes eram submetidos, busca-se fazer uma conexão entre as práticas de horticultura dessas civilizações e os grafismos, como forma de saber se e de que maneira suas práticas influenciavam e refletiam-se em suas representações pictóricas.