A REINVENÇÃO DOS RITUAIS DOS PENITENTES DO GENEZARÉ: NO CORPO, O ENCONTRO COM ALGUNS LIMITES

CICERO DA SILVA OLIVEIRA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Neste artigo proponho refletir sobre os rituais da irmandade de penitentes autoflagelantes da Vila do Genezaré, município de Assaré, no Cariri cearense, com ênfase nos aspectos de reinvenção presentes naqueles rituais a partir dos limites que o corpo dos seus praticantes impõe. Com isso, admite-se a existência nos rituais de aspectos transmitidos e sedimentados no corpo na sua capacidade de conservar hábitos que indicam a existência de uma memória social do grupo. Em outro sentido, as exigências do tempo presente têm sugerido aos penitentes a adequação dos seus rituais a novas realidades experimentadas pela irmandade nas últimas décadas. Dentre as exigências que proponho discutir estão aquelas relacionadas aos corpos dos penitentes que com o passar dos anos já não permitem que determinadas práticas sejam executadas com a mesma intensidade e outras ainda sejam tidas por dispensáveis por alguns membros da irmandade, com destaque para o autoflagelo e as peregrinações. Dessa forma, uma distinção interna ao grupo fica estabelecida entre os que ainda conservam práticas tidas por identitárias de irmandades autoflagelantes e aqueles que reinterpretam o autoflagelo sob novas perspectivas. É possível pensar, portanto, numa identidade coletiva em permanente construção e nos rituais como veículo de apreensão da memória e capacidade criativa dos grupos em uma perspectiva aqui definida como estética, de acordo com as narrativas orais dos membros da irmandade e com a observação dos rituais iniciadas no ano de 2009 até os dias atuais.