Partindo do princípio que os discursos são elementos fundantes da realidade, ou seja, que não existe uma realidade que preexista à sua vidência discursiva, neste artigo proponho pensar como a juventude é caracterizada em alguns discursos do músico e letrista cearense Antônio Carlos Belchior. Vivenciando transformações na sociedade mundial ao longo da segunda metade do século XX e filiado a distintas cenas musicais, o artista percebe a juventude como ator de destaque naquele cenário recaindo sobre ela o papel de manter o vigor juvenil na luta pelas transformações sociais. Entretanto, o músico fala com perplexidade de outros aspectos da juventude daqueles tempos, da sua capacidade de encantamento com as seduções da sociedade de consumo e da incapacidade de refletir na criação de um mundo novo a juventude presente em seus corpos. Por vezes, pode-se notar como Belchior, fazendo uso recorrente de recursos interdiscursivos, propõe sua identificação com a juventude que inventa, sendo ele próprio alguém que sofre com o rápido envelhecimento e envelhece com os seus contemporâneos.