O CORPO COMO TEMPLO E MORADA DO ESPÍRITO SANTO: O IMAGINÁRIO DO CORPO NA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS TEMPLO CENTRAL, MILHÃ-CE.

ROK SÔNIA NAIÁRIA DE OLIVEIRA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O corpo representa. É um capital físico, simbólico e social capaz de manifestar características do cenário onde se movimenta. Para o ser religioso a carne em si não possui valor, seu valor é atribuído a partir das relações com o transcendente, portanto, o imaginário sobre o corpo é construído culturalmente, podendo ser modificado a partir de diferentes referenciais religiosos, sociais e temporais. Deste modo, pensando que o valor do corpo é algo construído, acreditamos que sua relação com a indumentária não é algo meramente funcional. As vestes atribuem diferentes características a matéria, carregam valores e significados do tempo que o individuo vive e do grupo ao qual ele pertence. Assim, o objetivo deste colóquio é refletir o imaginário assembleiano a respeito do corpo, que para o grupo não pertence ao fiel e sim ao espírito santo. Para os assembleianos o "crente" apenas cuida desta matéria como uma "espécie de mordomo", devendo, estar bem vestido e bem apresentável aos olhos de Deus, estando sempre apto a receber o espírito santo. Percebemos ainda, que o corpo feminino é sempre alvo de maior controle por parte dos assembleianos, já que na tradição religiosa cristã, as mulheres podem facilmente cair nas tentações mundanas, por possuírem uma carne mais propícia ao pecado. A pregação que a Igreja realiza, sobre a necessidade de decência no trajar e o forte discurso com base nos usos e costumes definem a maneira correta de uma assembleiana se vestir. Assim, a forma de trajar reflete a maneira como essas mulheres se relacionam com seu corpo e com o discurso moralizador da Igreja. De acordo com algumas de nossas entrevistadas, a mulher não deve mostrar seu corpo, porque assim estaria se insinuando para o sexo oposto, cometendo os pecados da vaidade e da carne e ao mesmo levando o homem a pecar por desejá-la. Seria, portanto, uma culpa dupla, pois ela é responsável pela decência em sua aparência, e responsável por não incitar o desejo do outro. Esta reflexão compõe parte de uma pesquisa que está em desenvolvimento no Mestrado Acadêmico em História da Universidade Estadual do Ceará. Onde temos como sujeitos as mulheres da Igreja Assembleia de Deus Templo Central de Milhã-CE, e como objeto, sua maneira de trajar. Utilizamos como fontes, entrevistas, fotografias, questionários, e atas da Igreja. E como aporte teórico, estamos galgados num referencial interdisciplinar.