Erika Gonçalves de Mendonça
Este trabalho se propõe a refletir sobre a inserção da cultura capitalista e suas transformações nas práticas alimentares dos sertanejos cearenses dentro do recorte de 1860-1930, período esse, marcado pelo significativo fluxo econômico cearense que se fez visível através da exportação de algodão e da entrada de comerciantes e produtos estrangeiros. Entretanto, não compreendemos o capitalismo apenas pelo seu viés econômico, mas também, como uma cultura que se manifesta nas práticas cotidianas e nas relações sociais. Assim, buscamos filtrar como as transformações ocorridas no período em tela provocaram mudanças nas práticas alimentares sertanejas com a introdução de novos alimentos, sabores e modos de se portar à mesa. A documentação manuseada foram jornais e literatura da época, a partir das quais buscamos perceber o funcionamento da cultura alimentar sertaneja e a forma como a cultura capitalista conseguiu atingi-la. Desse modo, pudemos perceber que esse processo não se deu de forma mecânica, e sim apropriado de acordo com as especificidades de cada cultura, podendo-se assim, falar em "tradução cultural", caracterizada por mudanças e permanências. Também pudemos constatar que essas transformações não se deram de forma abrupta, mas por meio de um processo, já que mudanças no âmbito cultural não ocorrem de forma tão rápida, elas aos poucos foram sendo assimiladas, como também rejeitadas. Esta pesquisa é amparada pelos formentos IC-UECE e integra o eixo de pesquisa "Cozinha e alimentação", ligado à pesquisa coletiva intitulada "Cultura Capitalista e Civilização nas cidades do Ceará (1860-1930)", coordenada pelo Grupo de Pesquisa Práticas Urbanas - GPPUR.