Na pesquisa interpreto memórias concebidas por fãs que "militam" a favor da obra do cantor Roberto Carlos a partir de montagem de coleções de objetos sobre o artista. Analiso alguns colecionadores de todo o Brasil, fãs representativos em relação ao reconhecimento por parte do artista, da mídia e da própria rede de colecionadores existentes. Estudo conversas com fãs que há décadas vêm juntando materiais (discos, fotos, cds, jornais, revistas, objetos de variados tipos..)e executaram a criação de "memórias militantes" sobre o artista através de sites, memoriais, coleções e acervos. Reflito como estes "fãs-militantes" em favor de seu "Rei" realizaram leituras diferenciadas do período de 1959-2009 (os 50 anos de carreira de Roberto Carlos), o papel do artista nas suas histórias de vidas e como viveram representações sobre ele. Debato, a partir de suas leituras sobre esse período, como os fãs estabeleceram critérios para as Coleções e, portanto, para o uso político das memórias e a recriação\mobilização de um imaginário sobre Roberto Carlos. Investigo, portanto, uma teia de relações criadas pelos "narradores-colecionadores" em torno do mito do "Rei' roberto carlos. Tento ver como, e porque, algumas dessas "memórias militantes" foram construídas e perceber como os fãs geraram (re) elaborações e ampliações de significados da obra do cantor. Na apresentação da pesquisa mostrarei o estudo de narrativas de fãs que montaram Acervos e Coleções sobre Roberto Carlos, os usos, as classificações e os deslocamentos de objetos acumulados, discutindo a legitimidade que os fãs visam criar perante outros colecionadores, a sociedade em geral e o próprio artista. Com a interpretação desses narradores-colecionadores  e suas histórias temos as possibilidades de perceber como recriaram seu lugar de fãs e teceram falas que organizam a centralidade da figura do artista em suas vidas. Cada fã conta como se ligou ao artista suas semelhanças e idiossincrasias em relação a outros fãs. Nas conversas de horas com cada fã eles narram suas peripécias em shows, suas dificuldades e alegrias ao longo de anos em montarem suas coleções, seus contatos com o artista, como o conseguiram, as várias formas de reverenciar a memória do artista, narram pontos e fatos principais da carreira do artista se apresentando como legítimos memorialistas do artista. Nas falas dos fãs temos como entenderam, sentiram e viveram essa teia de memórias sobre o artista, como apresentam suas trajetórias e suas visões sobre o papel do artista no mundo, sobre as relações entre Indústria Cultural e Sociedade e como os "narradores-colecionadores" se inseriram nessas relações. Ao narrarem as ligações de suas vidas com o artista os fãs novamente reforçam e recriam tais laços e o valor do mito do "Rei" Roberto Carlos em suas vidas. Desta forma, ouvimos e vemos as performances dos entrevistados na compreensão de memórias sobre o artista e alguns de seus sentidos na sociedade, para a compreensão dos colecionadores como protagonistas desses sentidos.