“O QUE NÃO SE DIZ APODRECE EM NÓS”: A TUBERCULOSE EM NELSON RODRIGUES

GWAN SILVESTRE ARRUDA TORRES

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Como o próprio título nos remete, o que não é dito apodrece dentro da gente, partindo deste viés objetivamos descrever a visão do doente sobre a enfermidade. Esta abordagem dentro da História das Doenças vem ganhando campo através da escrita de: Sontag (1964), Pôrto (2000), Nascimento (2005), Vianna (2014). Nesse sentido, foco deste estudo é investigar a experiência de adoecimento do tuberculoso a partir da literatura. A escolha do escritor Nelson Rodrigues foi por ser um doente de tuberculose e em suas obras conterem trechos contextualizando a doença e a experiência do adoecimento. Assim como há a descrição das pessoas que conviviam com ele no "sanatorinho", termo utilizado pelo autor para nomear o sanatório público em Campos do Jordão. O escritor adoece de tuberculose em 1934 e se cura após três anos, sendo assim o recorte da pesquisa será o intervalo de tempo em que Nelson Rodrigues esteve com tuberculose. Por sua vez, frisamos que nas décadas iniciais do século XX a tuberculose ainda não tinha cura, era contagiosa e endêmica, segundo Nascimento (2005).  A escrita em Nelson Rodrigues é marca pelo tom de tragédia, com ela podemos perceber conceitos e estigmas atrelados a doença, como na seguinte frase: "Eu e meu irmão Joffre passamos fome e foi a fome que estourou os nossos pulmões", Rodrigues (1993). Em suma, compreendemos que a representação social da doença também é composta pelo doente, deste modo a narração literária de Nelson Rodrigues nos mostra não só a reflexão de uma época sobre a doença, como também a elabora, Pôrto (2000).