O presente trabalho busca analisar o contexto da cidade de Senador Pompeu-CE entre os anos de 1958 a 1964 mediante indícios de articulações político-sociais durante os intensos anos finais daquela "experiência democrática" (FERREIRA e DELGADO, 2019) e o início da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Destacaremos algumas das transformações pelas quais a cena política local estava passando como, por exemplo, o fim de uma hegemonia udenista de dezessete anos; certas mobilizações que setores da juventude local empreenderam como a tentativa de criação de um Grupo dos Onze (NOGUEIRA JÚNIOR, 2004) em defesa da democracia ante as intenções golpistas que se gestavam pelo país; além da mudança de postura e atuação da paróquia a partir da chegada de um novo vigário que, junto a leigos, criou Centros Sociais em bairros periféricos e um curso sobre política para fomentar uma conscientização política da população, bem como discutir questões como sindicalismo e cooperativismo (GIOVINAZZI, 1999). Para tal, nos utilizamos da história oral enquanto "campo dialógico" (PORTELLI, 1997) que nos possibilita compreender as subjetividades e sentidos que os entrevistados deram ao passado através de "fatos" e "representações" (PORTELLI, 1997; 2006), além de fazermos usos também de documentos oficiais como Atas da Câmara daquela urbe levando em consideração o contexto em que foram produzidas e atentando para seus silêncios e interesses (BACELLAR, 2008), dentre outras. Como alguns dos resultados, identificamos e analisamos articulações em torno de uma maior conscientização e protagonismo político popular, bem como uma certa gestação de movimentos sociais em busca da posse e uso da terra e de uma ampliação de direitos.