Adentrando ao mundo editorial em 1948 por meio da publicação do romance A volúpia do pecado, Cassandra Rios (1932-2002), publicou boa parte dos seus escritos entre os anos 60 e 70. Em seus romances, abordou o amor entre mulheres; o prazer feminino e a reprodução do sexo de modo explícito. Fazendo grande sucesso, esta autora chegou a bater a marca de 1 milhão de livros vendidos durante o ano de 1970 (PIOVEZAN, 2005); ao mesmo tempo foi altamente perseguida pela censura durante o momento de Ditadura Militar (1964-1985), que proibiu vários de seus livros por meio da alegação de que os mesmos eram atentatórios à "moralidade pública". Mezzamaro, Flores e Cassis (2000), foi uma das últimas produções da autora; sendo escrito após o período de redemocratização, Rios nos conta sobre o percurso de sua produção, a participação em programas de televisão, os trabalhos exercidos e os problemas da vida cotidiana. Contudo, nos debruçaremos sobre tal publicação objetivando analisar como Cassandra constrói sua figura em relação à censura sofrida e perseguição existente no período. Desta forma, analisaremos como ela se apresenta, se constrói e deseja ser lembrada. Para tanto, utilizaremos como fonte a referida autobiografia, e no que diz respeito à metodologia utilizada, autores como, Lowenthal (1998) e Artières (1998), serão de grande contribuição.