Tomando a literatura como fonte documental, o presente ensaio tem por objetivo investigar como a literatura indígena contemporânea de autoria feminina pode contribuir com o ensino de História na educação básica. Opta-se por uma metodologia que pontua, inicialmente, a discussão acerca do Eurocentrismo e o Ensino de História, seguida da discussão sobre a construção do ensino de História por meio da literatura Indígena. O uso de narrativas literárias no ensino de história parte das renovações teórico-metodológicas da História, bem como das novas concepções pedagógicas que reconhecem a sala de aula como local de produção de conhecimento. A utilização escolar do documento é concebida não apenas como confirmação de dados, mas como fonte histórica que possibilita ao/à aluno/a comparar e dialogar com perspectivas outras, observando mudanças, permanências e promovendo uma autonomia intelectual, além de possibilitar uma reflexão sobre o tempo presente (SCHMIDT, 2020). Dialogaremos especialmente com os poemas "resistência indígena" de Marica Kambeba (2020) e "o segredo das mulheres" (2004) de autoria de Eliane Potiguara, com vista a apontar possibilidade de seus usos no ensino de história, em comunicação com a lei 11.645 de 10 de março de 2008. Priorizamos, sobretudo, buscar reflexões por meio de intelectuais indígenas, tanto do campo da história, como também da literatura, tais como: Daniel Munduruku (2012), Aline Pachamama (2019) e Graça Grauna (2013). Os poemas em questão mostram-se um recurso importante ao possibilitar uma abordagem dos povos indígenas como produtores de reflexões acerca das suas experiências históricas e o estudo de conceitos como: interscicionalidade, eurocentrismo e colonialismo, lançando luzes sobre problemáticas atuais.