MARIA BEATRIZ NASCIMENTO: A REESCRITA DA HISTÓRIA DE UM BRASIL NEGRO.

MARIA LIDIA DE GODOY PINN

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Este trabalho, parte da minha dissertação, tem como objetivo discutir a potencialidade teórica do pensamento da historiadora Maria Beatriz Nascimento para a historiografia brasileira e para a própria disciplina História, haja vista que, mesmo na contemporaneidade as críticas produzidas pela autora ainda ecoam no campo em que a autora dedicou-se a pensar e produzir intelectualmente. Maria Beatriz Nascimento, mulher negra, nascida em Aracaju migrou para a cidade do Rio de Janeiro na década de 1950 com sua família, viveu parte de suas experiências intelectuais, pessoais e profissionais em meio à Ditadura Militar brasileira (1964-1985) e a toda sua estrutura de repressão àqueles(as) que não concordavam com as práticas e posições políticas oficiais. Ainda assim, pode contribuir para a efervescência política, contracultural e ideológica daquele período. Beatriz Nascimento é um nome expoente do movimento negro das décadas de setenta, oitenta e noventa, apesar da dissonância com o grupo em alguns momentos, e da corrente de intelectuais negros da segunda metade do século XX no Brasil (VINHAS, 2019). A autora através de suas produções reescreveu a História de um outro Brasil, apreendendo as populações negras e afro-diaspóricas a partir de uma perspectiva existencial e racial de agência, apresentando com isso, a insuficiência da disciplina histórica ocidental para tal empreendimento. Com isso, a autora procurou alterar o lócus de enunciação científica e as temporalidades em seus trabalhos, trazendo para o centro de suas produções acadêmicas e intelectuais outras formas de sistematização do conhecimento e também outras histórias para a construção e estruturação de tal campo.