“JANGADA NO MAR”: ESTADO NOVO E A ARTE DE RAIMUNDO CELA (1938-1945)

RAQUEL LOPES DA SILVA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Raimundo Cela foi um dos poucos cearenses que saiu do estado para estudar artes. Após alguns anos fora do país, retornou à Fortaleza, no ano de 1938 onde permaneceu até 1945. Nesse momento o país estava sob a ditadura do Estado-Novo (1937-1945), empreendida por Getúlio Vargas. Entre as medidas adotadas para a legitimação do novo governo, estavam a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela propaganda do Estado. Porém, o grupo dos intelectuais também contribuiu para essa legitimação, pois durante o regime estado-novista tinham a função de serem os representantes da consciência nacional. No Ceará, em 1943, o "I Salão de Abril", foi organizado pela União Estadual dos Estudantes (UEE), como forma de expor as opiniões contrárias ao que estava posto pelo regime, através da arte. Entre os artistas que fizeram parte dessa exposição, estava Raimundo Cela tido como uma das grandes influências desse período, por sua experiência no Rio de Janeiro e na Europa. Foi nesse cenário político, permeado por tensões e disputas pela criação e consolidação de uma brasilidade, que as obras de Cela estão inseridas. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o contexto histórico em que o artista viveu e compreender como o cenário nacional influencia a obra do artista. Para tanto, a metodologia empregada foi a comparação dos quadros produzidos por Cela, em especial a tela Jangada no mar (1940), com o cine-jornal A jangada voltou (1941), produzido pelo DIP. Consideramos que essa análise é importante como exercício inicial para pensarmos como se deu a produção intelectual artística nesse período, em especial a produção de Raimundo Cela, que consideramos fazer parte de um grupo intelectual artístico cearense responsável por uma maior difusão da arte no Ceará.