A Ditadura Civil Militar brasileira, imposta ao país em 1964, além das implicações no panorama institucional, na política e na economia nacionais (no contexto histório conhecido como guerra fria), atuou na perspectiva de impedir o avanço de ações educativas populares emancipadoras. Diante da grave crise educacional que o país atravessava - antes e durante o regime de exceção -, alguns educadores formulavam metodologias e práticas educativas voltadas para a alfabetização de uma imensa massa de brasileiros, no campo e nas periferias das grandes cidades. Entre esse educadores, destacou-se o pernambucano Paulo Freire.
Freire criou uma metodologia de alfabetização que dialogava com várias correntes de pensamento: o existencialismo, o cristianismo, a fenomenologia, a dialética e o marxismo. Era uma proposta que ia além da simples alfabetização. Para o educador era necessário criar condições para que as pessoas fizessem a 'leitura do mundo'.
Seu método - que ele se negava a reconhecer como tal - ganhou rapidamente a simpatia de educadores do Brasil e do mundo.
A Ditadura Civil Militar, temerosa de que tal método pudesse subverter as massas a questionar o caráter autoritário do regime, impediu violentamente as ideias libertárias de Freire, exilando-o.
Durante todo o periodo ditatorial, Freire e seu método foram impedidos de alcançar o povo. Com a redemocratização do país em 1988, Freire encontra condições favoráveis para contribuir com a educação brasileira.
Nesse trabalho de apresentação, nosso objetivo é expor a trajetória de perseguição imposta pela Ditadura a Freire, analisar as formas de resistência a essa perseguição e refletir sobre a situação da educação brasileira antes, durante e depois da Ditadura.