A história oral é uma metodologia que busca ressignificar, fortalecer e dar visibilidade a narrativas esquecidas e silenciadas. Os sujeitos entrevistados são considerados atores da sua própria história, capazes de contribuir com a historiografia oficial. Entre esses sujeitos silenciados estão os idosos, visto que suas contribuições, forças e capacidades físicas se exauriram ao longo da fase adulta, usurpado pelo mercado de trabalho e por uma sociedade que valoriza os bens de produção. Em especial, as mulheres idosas, que no relato são representadas por avós, pois além da velhice, são mulheres que sofreram e sofrem com a sociedade patriarcal e machista, além de acumularem as responsabilidades advindas da maternidade, visto que em algumas situações assumem esse dever como mães e avós. Neste caso, a história oral permitiu explorar dimensões da vida pessoal e social de avós que raramente são considerados nos estudos científicos, em razão das suas narrativas envolverem o fantasioso e a imaginação, a partir do repertório da cultura popular tradicional que se desenvolveu através da oralidade. O trabalho teve como objetivo identificar as histórias que as avós ouviam quando criança e passaram a narrar para os netos. As narrativas de tradição oral contadas pelas avós são resultados de um processo transmitido de geração a geração, situados em um contexto sócio cultural e que desafiam a veracidade dos fatos, pois a memória na velhice sofre alterações com o tempo e com a capacidade de fabulação dos sujeitos, e talvez, por isso manifestam-se muitas críticas sobre a evidência da história oral.