O Estoril foi um restaurante localizado na Praia de Iracema, na cidade de Fortaleza, fortemente marcado por grupos ditos boêmios. Inaugurado em 1948, foi um dos redutos da vida noturna na capital do estado do Ceará, destacando-se durante a Ditadura Militar a partir da qual tornou-se associado à resistência ao Regime. Tombado na década de 1990, foi reconstruído em 1995, sendo reconhecido como ícone para a boemia da cidade de Fortaleza. Anteriormente ao processo de tombamento e elevação do Estoril a ícone da cidade, narrativas sobre perseguições aos frequentadores do Estoril por parte da polícia do Regime circulavam na imprensa da segunda metade dos anos 1980 legitimando uma historicidade de resistência à ditadura por parte do restaurante e de seus frequentadores. Assim, este trabalho busca analisar as representações acerca do restaurante Estoril em matéria do Jornal O Povo, após o fim da Ditadura Civil-Militar, em que se associa o espaço à resistência ao regime e à liberdade de expressão. Para tanto, utilizou-se da matéria "Praia de Iracema: a boemia em um bairro histórico da cidade", de 05 de abril de 1987, em que o jornal O Povo constrói uma narrativa acerca do Estoril e de perseguições por parte da Ditadura Militar, bem como de um levantamento bibliográfico acerca da história do Estoril e do bairro Praia de Iracema.