1968 - O ANO EM QUE CLARICE LISPECTOR EMPAREDOU A DITADURA

FRANCISCO CARLOS CARVALHO DA SILVA

Co-autores: GEÓRGIA GARDÊNIA BRITO CAVALCANTE CARVALHO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

1968 - O ANO EM QUE CLARICE LISPECTOR EMPAREDOU A DITADURA

 

Francisco Carlos Carvalho da Silva (FECLESC/UECE)

carlos.carvalho@uece.br

Geórgia Gardênia Brito Cavalcante Carvalho (PARFOR/UECE)

gcavalcante@hotmail.com

 

O ano de 1968 se mostrou aos olhos da humanidade, como um dos períodos mais críticos da sua história. Em várias partes do mundo, surgiram manifestações contra o avanço dos sistemas totalitários. O povo nas ruas sentia nas próprias costas o peso da repressão. Nos porões, a tortura se tornara regra. O número de mortos e desaparecidos crescia assustadoramente. A América Latina, dominada por ditadores,  tinha se tornado um verdadeiro mar de sangue. No Brasil, por exemplo, é no ano de 1968 que o ditador Arthur da Costa e Silva decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5), no dia 13 de dezembro, considerado o mais duro golpe contra a democracia brasileira. O texto do AI-5 havia sido elaborado pelo então ministro da justiça Luis Antonio da Gama e Silva, como forma de  represália ao discurso que havia sido proferido pelo deputado Márcio Moreira Alves, no qual o parlamentar sugeria que o povo brasileiro não participasse das comemorações alusivas ao Dia da Independência, 7 de setembro. Quando a Câmara negou o pedido do governo para o processar o deputado, Costa e Silva resolveu endurecer, baixando o AI-5 e jogando o país em vinte anos de trevas. Entre os artistas e intelectuais do período, Clarice Lispector (1920 - 1977) é uma das quais resolve se posicionar publicamente contra a ditadura. No presente trabalho, mostramos como a autora o fez por intermédio das crônicas que naquela época publicava no Jornal do Brasil. Aqui, trataremos especificamente da crônica intitulada "Carta ao ministro da educação", publicada no dia 17 de fevereiro de 1968. Recorremos aqui ao filósofo Walter Benjamim, quando diz que o artista que não consegue tomar partido deve se calar. Ao longo da sua história, a autora de Perto do coração selvagem (1943) demonstra muito bem saber qual o lugar do artista, quando a democracia está sitiada.

Palavras-chave: Clarice Lispector, carta, AI-5, democracia, crônica.