O entendimento da experiência histórica de Fortaleza passa pela compreensão de como a cidade foi sendo pensada e transformada em foco de intervenções que se referenciavam no saber médico, na organização dos serviços de saúde e na ocorrência de epidemias e secas. Saúde, doença e vida urbana são temas cuja articulação aparece de forma bastante evidente ao longo da história da cidade, expressando-se na produção discursiva dos médicos, das autoridades e da imprensa, nos manuais e guias de tratamento, etc. Manifestando-se também nas medidas implementadas: nas formas de profilaxia, das mais incipientes às mais elaboradas, na instalação de estruturas médico-hospitalares, nas campanhas de vacinação, dentre outras. A reflexão em torno do teor das ações públicas de saúde e do seu grau de interferência no cotidiano dos moradores, especialmente os mais pobres, está condicionada à visibilidade possibilitada por tal contexto histórico. Até que, ao final do século XIX, o higienismo vai se instituindo como um conjunto de saberes e práticas correlatas às transformações operadas na estrutura da cidade. Às reformas urbanas deveriam, conforme as autoridades públicas, corresponder uma população civilizada e saudável. Para tanto, os médicos, a medicina e as instituições de saúde, desempenharam um papel cada vez mais importante na montagem dos serviços de saúde na capital do Ceará no início da República.