AS RELAÇÕES DE GÊNERO E ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR
Maria Marilene Banhos Nogueira
mmbanhos@yahoo.com.br
O relato de experiência refere-se ao projeto Juventude Negra, desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, de Fortaleza, em novembro de 2015. Organizado pelo Núcleo de Estudos de Gênero, as ações pedagógicas surgiram via iniciativas de educadoras da escola - matéria de sociologia e história. O projeto apresentou as ações e intervenções realizadas durante a Semana da Consciência Negra. Tais ações tiveram como sujeitos protagonistas estudantes da 1°, 2° e 3° séries do Ensino Médio - média de 300 estudantes. A proposta preliminar consistiu em realizar uma reflexão acerca da interseccionalidade das relações sociais étnico-raciais, de gênero e classe social. A tentativa consistiu em mobilizar, envolver e despertar para a relevância do combate ao racismo e todas as formas de discriminação e preconceito. A ação educativa, enquanto práxis pedagógica, levou para a sala de aula orientações pedagógicas e resultados reais de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; e a Lei Federal 10.639/2003. O projeto seguiu no formato de roda de conversa, relato de vida, história de vida, oficina de turbante, etc. Os sujeitos sociais presentes permaneceram atentos, emocionados e partícipes na reflexão crítica de experiências arraigadas no imaginário e nas práticas sociais. Um referencial teórico crítico-reflexivo sobre a temática está em processo de formação. De um lado, as ideias de François Dubet (2004) que apresenta a necessidade de discriminação positiva como mecanismo de debater e propor uma maior igualdade de oportunidades na escola; do outro, o estudo das ideias de Eric Fassin que apresenta gênero como instrumento facilitador para pensar as relações sociais. Nessa perspectiva, a ação percorreu os ensinamentos de Paulo Freire (1985), no que tange o exercício de operacionalização da ação: por uma pedagogia da pergunta e do diálogo em primeiro plano, afinal, o processo educativo se faz com prazer, decisão política e a partir de interesses da juventude. A intervenção pedagógica estabeleceu canais de comunicação diversos no intuito de facilitar a expressão de jovens no espaço da unidade escolar. A tribuna da sala de aula foi ocupada pela juventude e para a juventude na produção de conhecimentos e atitudes de combate a práticas discriminatórias, racistas e sexistas. A perspectiva pedagógica garantiu uma ação interdisciplinar - sociologia e história -, colaborou na desconstrução de padrões estereotipados e alargou visões e posturas de alteridade na prática cotidiana da escola.
Palavras-chave: Relações étnico-raciais. Gênero. Ensino Médio.