Nas margens da Avenida Perimetral em Fortaleza, capital do Ceará, observamos uma comunidade cercada pela pobreza e pela falta de recursos comuns a maioria das favelas desta cidade. O que torna esse lugar atípico é a história de seu surgimento e o perfil de algumas famílias que ali vivem até os dias atuais. Referimo-nos à comunidade do Jangurussu, formada no fim da década de 1970 em suma por desempregados migrantes, atraídos para Fortaleza na tentativa de fuga das mazelas causadas pelas secas e pela economia deficitária que assolaram a população interiorana na segunda metade do Século XX. Este trabalho tem como objetivo central investigar os percursos cotidianos adotados pelas mais de 80 famílias que moravam nos arredores do aterro sanitário do Jangurussu, destacando as táticas de resistência usadas por estas para praticar seu espaço habitacional. Sabemos que as fontes históricas são meios indispensáveis para a escrita deste trabalho, sendo assim, nos dedicaremos a analisar fontes orais e iconográficas.