A EDUCAÇÃO JESUÍTICA E ASPECTOS SOCIOCULTURAIS COLONIAIS LUSO-BRASILEIROS NA PERSPECTIVA DE MANUEL DA NÓBREGA

LUCIANA DE SOUZA SILVA

Co-autores: ÉVILA CRISTINA VASCONCELOS DE SÁ
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

No contexto da contrarreforma religiosa e da conquista dos espaços "luso-brasileiros", adentrou-se uma ordem religiosa de cunho educacional e controlador: a Companhia de Jesus, representada pelos jesuítas. Como objeto de estudo, temos o escrito do Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), intitulado em Diálogo sobre a conversão do gentio (1556/1557), no período em que estava nas terras tupiniquins. Obra esta, de valor pedagógico, caracterizada pela perspectiva que o sacerdote vivenciou diante ao processo de catequização dos indígenas. Concomitante ao exposto, a presente comunicação discorrerá sobre o cotidiano da educação jesuítica nos trópicos. Em relação ao local de concentração do ensino jesuítico, se dava principalmente na região das Missões, das quais se empregava ensinos em diversas áreas como: da agricultura, da pecuária, oficinas de artesanatos de instrumentos musicais, calçados, entre outros e de pinturas. Em relação ao modelo pedagógico, os jesuítas focavam a metodologia, intitulada de Ratio Studiorum (aplicado primeiramente em 1548 no Colégio de Messina, na Sicília, servindo de inspiração no Brasil). Sobre a caracterização deste mecanismo de ensino jesuítico, baseava-se num conjunto de regras, compreendidas o trinômio: estudar, repetir e disputar, através de exercícios escolares meramente apenas para a reprodução do conhecimento, dos quais se remetem diretamente à escolástica medieval: a Pedagogia Tradicional, que na sua vertente religiosa, tornava a educação sinônima de catequese e evangelização. Porém, os filhos de comerciantes e latifundiários portugueses estudavam em Portugal, geralmente em duas Universidades: de Coimbra e de Évora. O cotidiano da educação jesuítica era bem diferente em relação à nossa educação formal contemporânea. A sala de aula jesuítica, que poderia ter cerca de duzentos alunos, o conteúdo era ensinado a todos concomitantemente, nem mesmo havia a mobiliária, materiais didáticos, isto é, não se tinha a estrutura da instituição escolar que percebemos atualmente. Os professores jesuítas estimulavam os aprendizados dos alunos através da emulação (competição), pelo sistema de prêmios, para assim livrá-los do ócio (considerado naquele período colonial como o espaço do demônio).