Memórias do agora: Tempo presente e narrativas de mães de presidiários e ex-presidiários na cidade de Quixadá.
Karla Suyanne Rabelo Barreto.[1]
Resumo:
No dia 27/06/2009 o jornal Diário do Nordeste[2] estampou em metade de sua capa uma foto[3] com a seguinte legenda "ACORRENTADO PELA DROGA" a imagem um jovem sentado acorrentado pelo braço a uma grade. Ainda na chamada o jornal informa o caso: "NO MUNICÍPIO de Quixadá, uma mãe de 35 anos, que trabalha como auxiliar doméstica, tomou uma atitude desesperada: decidiu prender o filho, de 15 anos, a uma grade. O menor já estava se envolvendo com traficantes para consumir crack". A fotografia no jornal de maior circulação do estado nos proporciona uma série de desafios. Seria possível compreender a experiência dessa mãe e outras para além da espetacularização da mídia? Teria como sairmos da dramática e genérica definição "uma mãe" para a compreensão dos sentidos da maternidade analisando a experiência concreta desses significados para os sujeitos envolvidos -no caso as mães de pessoas envolvidas em crimes e prisões? Será que podemos narrar esse episódio e outros das vidas dessas mães por outra ótica que privilegie o contato com suas narrativas falando de suas vivências, sonhos, dilemas, alegrias e angustias? Acreditamos que sim. Dessa forma, este trabalho problematiza as marcas das prisões na memória de mães de presidiários e ex-presidiários na cidade de Quixadá-ce, buscando desse modo, compreender como são vivenciadas as experiências de ter um filho privado de sua liberdade ou acusado de ter cometido um crime, ou uma pratica ilícita, visto que essa perda temporária do convívio familiar com o mesmo causa transtornos emocionais e mudanças no cotidiano familiar, bem como investigar como lidam com possíveis estigmas sobre elas e seus filhos, percebendo como mobilizam o imaginário de mães de infratores da lei em um momento em que se discute cada vez mais medidas mais duras, com o apoio do sensacionalismo da mídia, para tais envolvidos. Dessa forma, metodologicamente, a fonte utilizada, por excelência são entrevistas com mães de presidiários e ex-presidiários narrando suas trajetórias de vidas, as suas experiências e expectativas antes e depois da maternidade e suas visões sobre as marcas da prisão que foram sentidas pelas prisões de seus filhos, sendo preciso entender como narram suas vidas através de dados recortes, e como lidam com a tensão entre suas subjetividades e o coletivo.
Palavras-chave: Mães. Memória. Narrativas.
[1] Graduada do Curso de História pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central - FECLESC.
[2]PIMENTEL, ALEX. Mãe acorrenta filho usuário de drogas. Diário do nordeste, Fortaleza Ceará, sábado 27 de julho de 2009. Regional, p.01.
[3] Foto do escrivão da polícia civil Alex Pimentel.