OS DISCURSOS JURÍDICO E JORNALÍSTICO SOBRE O INFANTICÍDIO: O CASO DE MARIA ADÉLIA (MAIO/1887).

WALTER DE CARVALHO BRAGA JÚNIOR

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Na edição de 5 de Maio de 1887, o jornal O Cearense traz em destaque a notícia da prisão de uma jovem acusada de infanticídio. O destaque dado ao caso gira em torno principalmente do fato de a jovem ser mãe do recém-nascido, cujo corpo foi encontrado dentro do Riacho Pajeú. A partir daí o caso ganha repercussão em outros jornais como O Libertador e Pedro II que juntamente com O Cearense passam a acompanhar em detalhe o andamento das investigações e passam a trazer em suas páginas, além do discurso jornalístico "sensacionalista", o discurso jurídico em torno do infanticídio, tendo por base o código Criminal do Império de 1830. A análise das fontes citadas permite um olhar minucioso sobre os discursos construídos sobre a mulher e o imaginário construído em torno da feminilidade "ideal" onde a maternidade se constitui em característica inalienável da própria condição feminina. Nosso objetivo é analisar estes discursos como campo de tensões onde os saberes sobre a mulher se chocam com uma realidade onde o feminino nem sempre se encaixa nos modelos construídos. É em torno desta feminilidade transgressora que estudamos as práticas discursivas de tentativa de controle do feminino, e o papel que alguns dispositivos de controle da sexualidade como a honra se (re)construíram para disciplinar os corpos femininos no espaço da cidade.