No século XIX a pretensa neutralidade jornalística ainda não era uma realidade, muito pelo contrário, os periódicos manifestavam claramente, alguns logo em seus títulos, os ideais que defendiam. Dentre os periódicos cearenses publicados no Oitocentos, destacamos os seguintes: Gazeta Official, O Cearense, O Sol, e Pedro II, como instrumentos eficazes da divulgação, não apenas, de dados estatísticos e relatórios de ações tomadas pelo Governo da Província do Ceará para debelar epidemias, mas, principalmente, por oferecerem espaço para a publicação de cartas remetidas por vários correspondentes espalhados na Província, muitas das quais trazem, de forma explícita, intencionalidades políticas, em meio às críticas sobre as formas de combater as epidemias; bem como manifestavam posturas com relação a defesa de pontos de vista específicos, quanto à ciência, religião, castigo, conceitos que permeavam as compreensões de doenças no período analisado. A discussão sobre a utilização dos periódicos na área da História da Saúde e das Doenças se deu através do enfoque da epidemia de cólera. Assim, o recorte temporal da análise foi o período de manifestação da epidemia no Brasil - 1855 a 1856 - e os anos em que, de fato, atingiu o Ceará - 1862 a 1863. Este trabalho é resultado de reflexões e desdobramentos da pesquisa de mestrado, intitulada "O terror de apoderou de todos": Os caminhos da epidemia de cólera em Quixeramobim (1862-1863).