Em 1887, na cidade de Fortaleza, o Clube Literário lança a sua revista A Quinzena. Dotado de colunas de variados assuntos, possuía o caráter, a principio, de ser somente em prol da literatura. Entretanto, a produção intelectual desse núcleo letrado foi mais além. O objetivo desse estudo concentra-se na exposição das correntes de pensamento da época presentes nesta revista, e de como o escritor Abel Garcia faz uso delas para mostrar um novo lado do perfil social feminino. A mulher, nessa época, era tida como um ser submisso ao homem, graças à cultura patriarcal que se perpetuava. Abel Garcia construiu a diferença entre a mulher que mora em um país considerado civilizado e em outro que se encaminha por esse processo. A análise das primeiras edições da revista A Quinzena, onde se encontram a coluna dividida em três partes com o nome "a mulher cearense", satisfaz a pesquisa. A importância desse tema se encontra no fato de que as correntes científicas da época procuravam meios de continuar a posicionar a mulher perante o homem de modo que elas não tivessem importância no ambiente público, dominado por homens. Todavia, Abel Garcia consegue representar uma mulher que na sua visão é mais apta ao trabalho do que outra que morasse em uma metrópole industrializada, a exemplo de Paris, tendo por base filosófica as correntes da época consideradas científicas, a saber, o positivismo e o evolucionismo.