Neste trabalho, analisaremos as cartas enviadas por José Ferreira Lima Sucupira a José Martiniano de Alencar entre os anos de 1832 e 1833, donde o lugar ocupado por ambos no espaço social e, mais especificamente, no campo político influência nos assuntos tratados: majoritariamente, a política. Analisar a escrita epistolar é sempre uma tarefa instigante e complexa. As cartas trocadas entre amigos, principalmente, proporciona uma aproximação com a intimidade dos correspondentes e com uma forma geralmente peculiar de se tratar os assuntos. Esta apresentação se inscreve em uma pesquisa mais ampla, desenvolvida para uma dissertação de mestrado que pretende analisar variadas cartas de variados indivíduos inseridos na política da província cearense durante os anos de 1830 e 1838. Ferreira Sucupira participou da Confederação do Equador, chegando a ser preso, e destacou-se, posteriormente, na política provincial, sendo também redator do jornal Cearense Jacaúna, que existiu durante os primeiros anos da década de 1830. Nas missivas endereçadas a Martiniano de Alencar, à época deputado geral na Corte, Sucupira relatava, dentre outros assuntos, os últimos acontecimentos que figuravam na província do Ceará, as intrigas e os embates travados com os grupos rivais e as movimentações para as eleições que ocorressem. Pela escrita destas cartas, emergia uma política feita fora das instituições do Estado, donde se percebe a constituição das identidades, os comportamentos engendrados, os grupos que se rivalizavam, as alteridades estabelecidas etc., enfim, todo um cenário que estava intimamente ligado às experiências vividas por estes indivíduos (sobretudo, possivelmente, aos acontecimentos da Confederação de 1824) e à posterior configuração política, quando da formatação inicial dos partidos políticos.