Os processos de intervenção antrópica sobre a natureza quase sempre são contínuos e direcionados, impedindo qualquer forma de acomodação natural. Nos ambientes urbanos, a constante relação entre o homem (cultural) e o ambiente (natural) é preponderante para a qualidade do meio ambiente urbano. Ao longo dos anos os recursos hídricos tiveram muita importância para a sobrevivência humana como também para sua fixação na terra, favorecendo suas diferentes atividades sócio-econômicas. Muitas cidades desenvolveram-se às margens de rios e Sobral possui laços de origem através das fazendas de criar. Ao longo das ultimas décadas a cidade vem passando por processo de descaracterização em sua paisagem, sobretudo no que diz respeito aos recursos hídricos, pois com o seu crescimento, a população passou a ocupar as áreas de planície de inundação trazendo assim, inúmeras consequências tanto aos sistemas naturais, como à sociedade local. As áreas ribeirinhas da cidade vêm por muito tempo sendo utilizadas para depósitos de lixos, aterradas para construção de imóveis, servindo de moradias para as pessoas de todas as classes, ou mesmo para construção de empreendimentos, provocando progressivamente a invasão nas áreas de planície de inundação. O presente estudo objetiva desenvolver uma reflexão sobre a descaracterização dos corpos hídricos no perímetro urbano da cidade de Sobral, através do estudo de caso da Lagoa da Fazenda e do Rio Acaraú, analisando a evolução da degradação desses recursos nas últimas décadas e identificando os fatores e agentes socioambientais/históricos causadores da degradação desse ambiente. Para a obtenção do diagnóstico foram realizadas visitas ao local, realizando-se registros fotográficos e aplicação de questionário com os moradores e/ou freqüentadores das referidas áreas de estudo. Além de pesquisas bibliográficas realizadas nas Instituições de Ensino Superior da cidade e consultas à internet. Nessa perspectiva, a forma de ocupação desses espaços urbanos e suas transformações apresentam-se de forma intensiva e degradante, causando a fragmentação sócio e espaciais, bem como a destruição de nascentes; a ameaça de extinção de espécies animais nativas; a erosão; o alagamento e aumento de temperatura; o acumulo de lixo; poluição e assoreamento dos corpos hídricos.